SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Palavra Solta – madrugadas


*Rangel Alves da Costa


Madrugadas. O silêncio, o silêncio, o silêncio, nem parece a vida. Madrugadas. Os gatos sumiram, desapareceram, choram a solidão pra depois gemer. Madrugadas. Não há chuva lá fora, não há vento lá fora, não há passos lá fora, nada existe lá fora, apenas a madrugada. Madrugadas. As pessoas dormem, as pessoas abafam soluços, as pessoas amam, as pessoas namoram, as pessoas morrem, as pessoas nascem. Madrugadas. As portas fechadas, as janelas fechadas, tudo escondido, tudo escurecido. Madrugadas. Passos pela casa, café no fogão, xícara na mão, cigarro aceso, tanta solidão, a desolação. Madrugadas. Saudades, lembranças, as recordações, de outras madrugadas sem tanta solidão. E assim passa o tempo, os segundos despertam, os minutos acordam, as horas levantam. Não há mais nada a fazer. Acaba o silêncio, acaba a ternura, a recordação. É amanhecer.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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