*Rangel Alves da Costa
Madrugadas. O silêncio, o silêncio, o
silêncio, nem parece a vida. Madrugadas. Os gatos sumiram, desapareceram,
choram a solidão pra depois gemer. Madrugadas. Não há chuva lá fora, não há
vento lá fora, não há passos lá fora, nada existe lá fora, apenas a madrugada.
Madrugadas. As pessoas dormem, as pessoas abafam soluços, as pessoas amam, as
pessoas namoram, as pessoas morrem, as pessoas nascem. Madrugadas. As portas
fechadas, as janelas fechadas, tudo escondido, tudo escurecido. Madrugadas.
Passos pela casa, café no fogão, xícara na mão, cigarro aceso, tanta solidão, a
desolação. Madrugadas. Saudades, lembranças, as recordações, de outras
madrugadas sem tanta solidão. E assim passa o tempo, os segundos despertam, os
minutos acordam, as horas levantam. Não há mais nada a fazer. Acaba o silêncio,
acaba a ternura, a recordação. É amanhecer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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