*Rangel Alves da Costa
Tomar um gole de veneno e depois o copo
inteiro. Ou não tomar nada por que a vida é boa, é maravilhosa, está tudo em
busca e o viver se esmera em felicidade. Mas não precisa beber veneno por uma
preocupaçãozinha qualquer, porque brigou com o outro de seu coração ou porque
as coisas não saíram do jeito que imaginava. Também não precisa virar de vez o
copo da despedida pelo fato de que a vitória ainda não foi alcançada ou porque
tudo parece difícil demais de ser resolvido. Na verdade, não há situação na
vida – seja qual for – que mereça um cálice de veneno. Contudo, acaso deseje
mesmo, sinta real necessidade de se envenenar, então que faça como os poetas.
Transformam as desilusões em estricninas e cicutas e vai sorvendo-as como
palavras amargas. E de vez em quando morrem por causa disso.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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