*Rangel Alves da Costa
O ser humano, a partir de um determinado
instante da vida, passa a se revestir de um manto que já não é mais o dele.
Significa que a partir de um certo tempo ou uma certa idade, o ser humano passa
a ser outro diferenciado daquele acostumado. Ou ainda: o tempo transforma a
pessoa naquilo que já não deseja ser, vez que afastado daquela outra, em si
mesma, que já não existe. Ora, até determinada idade, ainda que em muitos isso
se prolongue até a velhice e além, a pessoa ainda vive envolta com o seu
passado, com as suas memórias de criança, de infância, da vida boa de outros
tempos. Pensa e relembra como foi sua meninice, sente saudades das brincadeiras
e peraltices, ainda vive como se não tivesse totalmente apartado daqueles doces
instantes vivenciados. Contudo, chega um instante da vida aonde tudo isso vai
sendo deixado de lado, esquecido. As preocupações de adulto e da velhice passam
a tomar conta do pensamento e a mente já não retorna ao passado como desejo e
necessidade. As memórias de criança vão desaparecendo em nome de outros e
breves instantes. Relembra-se apenas o ontem, o momento passado, e quase sempre
em situações que nada têm de lúdicas ou prazerosas. São as preocupações
próprias dos adultos que afastam os seres de ser si mesmos, naqueles ontens
vivenciados, para serem somente os seus presentes. Então somos apenas o espelho
presente e não os retratos passados.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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