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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Palavra Solta - os presídios e os Frankensteins criados pelo Judiciário


*Rangel Alves da Costa


Não há outro culpado pela situação atual dos presídios, com mortes e rebeliões a cada dia, com inchaço desenfreado e um caos impossível de ser solucionado apenas com a transferência de presos, senão o Judiciário. É este poder que se põe à tarefa de criar Frankensteins no sistema prisional brasileiro. Como bem mostrado por uma reportagem da Folha desta segunda, a única preocupação dos magistrados é condenar ou mandar para presídios presos sem condenação. As chamadas audiências de custódia, que foram criadas exatamente para não deixar presos em delegacias e evitarem o envio destes às penitenciárias, acabaram surtindo efeito contrário. É que qualquer preso - principalmente o pé-de-chinelo - tem sua prisão decretada com base no testemunho (geralmente forjado) dos próprios condutores policiais. Então já sai da audiência com destinação certa aos presídios, inchando cada vez mais o já insustentável sistema. Ademais, incabível que o Judiciário desrespeite a Lei de Execução Penal e jogue todo tipo de preso numa panela só. Não há como ela não explodir. Para sobreviver nos presídios, o inocente tem que se tornar de alta periculosidade, o que foi preso por um roubo qualquer tem de se tornar um chefão perigoso. E não basta que o Judiciário alegue que o sistema prisional é um problema estatal e que apenas cumpre a lei. O problema é que o cumprimento da lei está sendo invertido. O pobre, preto, excluído, de delito de menor monta, está tomando o lugar daqueles graúdos que sequer são julgados. E é bem mais fácil mostrar trabalho mandando para a penitenciária cem ladrões de rua do que um só quadrilheiro endinheirado.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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