*Rangel Alves da Costa
Zuzu, Demunda e Mirinalda, eis os nomes das
três solteironas que de vez em quando, ao entardecer refrescado pela aragem,
sentavam-se em cadeiras de balanços na calçada. Toda vez era assim. Todas
chegavam desejosas de falar de homem, de macho, de safadezas, mas cada uma se
mantinha desconfiada esperando que a outra começasse. Até que uma dizia: “Só
passa muié. Tô cheia de vê muié em minha frente. Preferia avistar uma cabra, um
cabrito...”. Ao que a outra cortava para falar: “Deixe de conversê. Você queria
mermo era ver macho passando. Deseja avistar macho passano e ainda vem com essa
história de cabrito, de cabra, de jumento...”. A palavra jumento acabaria
causando verdadeiro enrubescimento entre as demais, conforme constatado pelas
palavras da terceira: “Cabrito, melhor cabrito, jumento não. Vixe só em pensar!”
E começou a se abanar. Mas eis que de repente ao longe vai surgindo um moço
bonito, elegante, todo perfumado, pronto para ser paquerado. Quando mais se
aproximava mais as solteironas se desesperavam, mudavam do vermelho ao lilás,
só faltavam dar piripaquis. Contudo, o mais estranho é que cada uma procurava
fingir mais que a outra toda aquela aflição. Mas quando o rapaz foi passando
bem defronte as três, aproximando-se um pouco mais e se preparando para
dar-lhes um cumprimento de boa tarde, somente avistou a maior estranheza do
mundo. As três estavam desmaiadas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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