*Rangel Alves da Costa
Os espelhos iludem, mas poucos disso se
apercebem. A maioria utiliza o espelho apenas para fantasiar a beleza,
encontrar qualidades, avistar bonitezas. “Oh como estou linda, como minha
maquiagem está perfeita, como esse vestido possui um caimento perfeito...”, e
assim por diante. Mas dificilmente para verdadeiramente se avistar na sua
realidade, no seu corpo, na sua idade, na sua compleição física. Dificilmente
alguém ouvirá de outro diante do espelho: “Eis as marcas do tempo. Agora vejo
minha face marcada dos anos, com caminhos de rugas, com cabelos brancos, com o
olhar mais tristonho e mais distante. Eis o meu eu agora, ilusões escondidas na
fuga da idade, mas agora fielmente reveladas pelo espelho...”. Raramente alguém
poderia agir assim. Mas o espelho é isso mesmo. Não para alimentar ilusões, não
para criar situações de momento. O espelho deve ser visto como retrato de um
instante. Sem ilusões, sem falsas percepções.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário