*Rangel Alves da Costa
Getulina Quixabeira, eita muié arretada,
nunca se viu no sertão arguém mais desarvorada, dando no em pingo d’água
fazendo do sol caçoada. Getulina Quixabeira, nascida em noite de breu, o
vigário da cidade logo a fronte lhe benzeu, já prevendo seu futuro muito
cristão e mais ateu. Eita fia da gota a muié, comia sem meter a cuié, ainda
fumaçando na boca deitava o café, adespois punha nas ventas um punhado de rapé.
Vestia vestido não, gostava de calça e calção, rasgava toda blusinha e se metia
em jaquetão, dizia nada temer nem mesmo o tal Lampião. E um dia aresolveu ao
cangaço se juntar, entrou na caatinga afoita e o bando foi caçar, queria porque
queria a vida cangaceirar. Lampião desconfiou do jeito da Quixabeira, mais
parecia um homem pro riba e pela beira, mas ela nem se importava quando ouvia
uma besteira. Mas então aconteceu o que não havia de pensar, pois a logo a
Quixabeira se deixou apaixonar por um tal de Cabeleira, de olhar tão afiado que
nem um punhal de feira. A muié se viu em agonia, não era isso que previa,
aquele amor repentino do seu destino fugia. Então uma noite de breu no mundo se
escafedeu, no meio do mundo se meteu e na história desapareceu. E sumiu a
Quixabeira pelos sertões e além, hoje a sua história vale um cordel de vintém,
mas valia muito mais se dessem o valor que ela tem.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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