*Rangel Alves da Costa
Se eu não fosse eu o que eu seria? Talvez não
haja uma resposta para tal indagação. Assim por que se eu não fosse eu nada
seria. Mas acaso eu tivesse que nascer para ser outro e não eu, talvez eu
sequer nascesse, pois não cabe outro eu em qualquer outro que não seja eu.
Difícil imaginar outro João naquele que nasceu para ser João. Difícil imaginar
um Cristo em outro que não nasceu para ser Jesus. Difícil imaginar um José
naquele que tudo tem do José que é. Desse modo, impensável outra existência que
fosse eu noutra pessoa que não fosse eu. Sou caracteristicamente tão próprio
que nada se aproxima de mim. Meus hábitos e costumes não caberiam em mais
ninguém. Nenhum outro caberia dentro do meu ser que não fosse eu mesmo. E
descontente eu seria noutra vida qualquer, apenas pela ideia de que alguém por
aqui passou com a ideia de ser eu. Mas não me aborreceria se nascesse como
pássaro, como bicho do mato, como pedra ou como pedaço de vento. Esquecido, relegado,
mas de poderosa existência.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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