*Rangel Alves da Costa
Hoje o moço da cocada passou gritando o seu
doce, mas não respondi dizendo que queria dois contos. Ele passou e foi embora
e eu fiquei nesse amargor o dia inteiro. Não tenho doce de leite nem suco de
graviola. Não tenho geleia de goiaba nem manga madura na fruteira. Está difícil
demais sem ter doce. Preciso de doce, preciso me adoçar, pois tudo anda amargo
demais. Os últimos acontecimentos são como fel, como sal, como veneno. Ninguém
suporta mais ouvir e ouvir e ouvir mais sempre a mesma coisa. Que a prisão seja
cumprida, que haja o encarceramento, e pronto. Mas que tudo passe logo e a vida
possa seguir sem tantos atropelos e desacertos. Enquanto isso eu preciso apenas
de um doce, de uma cocada, de um pé de moleque, de um copo de suco de cajá.
Preciso de um pé-de-moleque ou de um arroz doce. Já há sal demais nessa vida de
agonias e aflições. Por isso que quando o moço de doce passar amanhã irei logo
comprar o tacho inteiro. Ora, cocada é muito melhor do que política, políticos,
roubos, corrupções e prisões.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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