*Rangel Alves da Costa
Tudo o que é amado é cuidado, é guardado, é
preservado. Ninguém quer perder ou se distanciar daquilo que tem carinho e
afeto. Não só com relação a pessoas, mas também com tudo aquilo rodeia e que
faz parte da vida. Uma roupa nova nem usada, mas a roupa velha é procurada, é
costurada, é remendada, e no corpo fica como pétala em flor. Os pequenos
objetos caem e quebram, mas em seguida, ao invés de irem ao lixo, são catados,
remendados, colados, voltando a ser presença. Os jardins devastados pelos
outonos não são completamente abandonados. Ainda há o passeio entre os
canteiros, o cuidado com as hastes secas, o preparo da terra para a estação que
logo virá. Nas pessoas, a sensação ou o medo da perda, faz com que a
proximidade ainda maior se torne em constante presença na alma do outro. Eis
que ninguém quer perder aquilo que ama. E na perda a dor e o sentimento
infindos de algum dia poder reencontrar. O menino Zezé chorou sua dor quando
cortaram seu pé de laranja lima. Amava o seu pé de laranja lima. Perdeu e
lamentou em pranto todo o amor e amizade sentidos. Mesmo que tivesse outro de
volta e no mesmo quintal, ainda assim já não seria o mesmo. Não queria um novo
pé de laranja lima. Queria o seu velho amigo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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