*Rangel Alves da Costa
Eu já sabia, todos já sabiam - ao menos os
sensatos -, mas ontem andei relendo um resumo de tudo. Lula foi investigado,
denunciado, processado e condenado. Condenado em primeiro grau, mantida a
sanção penal em grau recursal, tendo sempre rejeitados seus embargos de
declaração. Teve mais de um habeas corpus negado tanto pelo STJ como pelo STF e
a análise de seu processo já passou por juiz de primeiro grau, por
desembargadores e por ministros, e ainda assim continua a ladainha de
condenação sem provas.
Chega ser aviltante tamanha ignorância na
ladainha dos fanáticos. Como diz na nota que li, ou o juiz, os desembargadores
e os ministros são todos despreparados para a judicatura ou o Brasil está
perdendo juristas por todo lugar. Os fanatismos é que estão com a razão, as paixonites
agudas é que entendem o direito, os desajuizados é que conhecem os limites de
um julgamento. Neste caso, Lula é a vitimização em pessoa por ser tão inocente
quanto a inocência em pessoa.
Há uma tentativa desenfreada de reverter a
razão jurídica e os embasamentos das decisões judiciais. Ora, dizem, não se
pode condenar sem provas. Será que os julgadores estão todos cegos e somente os
lulistas enxergam a veracidade dos fatos? Será que tudo foi julgado à revelia e
pelos simples fato de querer condenar uma santidade? Há de se observar que
desde o início do processo do tríplex nada foi acolhido pela tese da inocência.
E se foi condenado, assim o foi porque as provas foram induvidosas.
Mas agora, por que tanto choro e tanta
gritaria depois da prisão do condenado? Somente pela insanidade, pela
maluquice, pela falta de ter o que fazer. Difícil imaginar que o Brasil ainda
tenha tanta gente que vive com a cabeça enterrada por conta própria, que não
quer enxergar a verdade por conta própria, que chama a si uma cegueira que
chega até imoral. Bastaria a mínima coerência para saber que caíram no jogo
falso e mentiroso daquele que agora se diz “uma ideia”.
A cegueira desmedida leva a situações
verdadeiramente estapafúrdias. A loucura tomando mentes como se numa lavagem
cerebral coletiva. E não são poucos os absurdos. Todo petista agora é jurista,
todo fanático agora é um togado, todo apaixonado agora é um julgador, todo
insano que esbraveja pelas ruas é um doutrinador do direito. Ora, se todos
repetem e repetem que a condenação foi sem provas, então os julgadores dos
fóruns e tribunais não sabem de nada. É um absurdo que isso aconteça e que
tenha continuidade.
E o pior é que acham que podem fazer o que
quiserem e nada lhes reprimir. Atos e atitudes fascistas, tomadas de ódio,
guiam os fanatizados por onde passam. Os vandalismos estão por todo lugar, as
agressões se tornaram corriqueiras, as badernas parecem emergir dos instintos
desnorteados. E tudo numa depravação que vai muito além da desordem. Picharam
de vermelho o prédio onde mora a família da presidente do STF, agrediram
jornalistas, tomaram e quebraram equipamentos de trabalho, numa série de atos
de verdadeira guerrilha urbana.
Mas pergunto: o que vai adiantar a baderna, a
gritaria, o xingamento, o quebra-quebra, a desordem, o mau-caratismo, a
violência desenfreada? Nada, absolutamente nada. Nenhum grito vai modificar a
situação jurídica do condenado. Nenhum ato violento vai diminuir a pena do
condenado. Nenhuma grosseria vai retirar o condenado da cela. Nenhuma
aglomeração de desocupados vai fragilizar o estado da lei. Nenhuma tomada de
rua, esquina ou quarteirão, vai modificar um tantinho assim a situação do
condenado. Então, por que fazem assim?
Continuam fazendo assim por falta de reprimenda.
As forças legais jamais deveriam permitir que desocupados se entrincheirassem
para colocar em perigo os prédios públicos, pessoas, profissionais e
instituições. Não se pode permitir que os excessos do fanatismo possam ameaçar
pessoas ou instituições. Nisto faz falta as botinas dos generais. Para os
baderneiros os brucutus.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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