*Rangel Alves da Costa
Estou aqui sentado num velho banco, perante a
máquina em riba de uma mesa antiga. Gosto de estar ao redor de coisas velhas,
antigas, de muitos idos. Olho ao lado e encontro uma cristaleira que é uma verdadeira
relíquia. Nem imagino quantos anos ela possa ter. Adquiri e mandei trocar os
vidros, colocar parafusos nas portas e envernizar, apenas isso. Nada de seu
formato original foi mudado. Olho para o outro lado e avisto um velho camiseiro
que igualmente foi envernizado. À minha frente um lavatório, com bacia e
toalha, ao modo daqueles existentes nas casas de outros tempos. Ninguém podia
sentar à mesa para uma refeição sem antes passar as mãos na água da bacia, que
era trocada constantemente. Também à minha frente um pilão com sua mão,
relíquias que remontam aos tempos da escravidão. Em cima do pilão também uma
espingarda velha, sem mais poder de tiro de tão caduca que está. Logo pertinho
também um velho baú. Dois baús, melhor dizendo, um maior e um menor. E mais
adiante um oratório. E tudo de mais de cem anos, tudo de muito mais idade, mas
agora pertinho de mim como se eu tanto precisasse destes retratos vivos para me
situar no presente. E preciso mesmo, pois basta olhar para cada um destes
objetos e viajar no tempo, e compreender o caminho andado até aqui. Um livro
que se abre diante de mim. E que o leio a cada momento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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