*Rangel Alves da Costa
Estou no sertão e em noite chuvosa. A maior
parte do dia foi nublada, mas depois do entardecer o sereno caído começou a se
derramar com mais força. Não é chuva forte, apenas naquela constância boa de
molhar a terra. Contudo, em se tratando de noite, a chuva, mesmo fininha, ganha
simbologias e feições muito mais acentuadas. Primeiro por que chuva no sertão
sempre causa uma sensação diferente, de um espanto bom. Segundo por que as
pessoas se recolheram mais cedo e deixaram as ruas entregues às suas vagas e
aos seus silêncios. Uma cidade quase deserta, molhada, quase que já
completamente adormecida. Terceiro por que a chuva noturna provoca grandes
transformações nas pessoas. Os sentimentos são revolvidos, as vozes interiores
passam a ecoar, as recordações e as nostalgias chegam em profusão, tudo parece
mais entristecido. E todos nos seus quartos, nas suas salas, nos seus
escondidos. E a chuva caindo, caindo, caindo...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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