*Rangel Alves da Costa
Caro amigo
Rangel, como vai, tudo bem? Cordiais e afetuosas saudações. Desde muito tempo
que preciso reencontrá-lo para um abraço apertado, para uma palavra amiga.
Gosto
muito de você, amigo Rangel, tenha certeza disso. Andei procurando um bonito
cartão natalino para lhe enviar, porém parece-me não existir mais.
Também já
não sei onde o carteiro iria encontrá-lo nesse mundo de tantas idas e vindas,
de permanências e incertezas. Não sei se agora está em Poço Redondo ou em
Aracaju, mas sei muito bem onde você gostaria de estar.
Não
duvide, amigo Rangel, que sua sina, destino e fadário, é um dia abraçar de vez
sua terra e seu povo, como se necessitasse desse imenso coração sertanejo para
pulsar sua vida em seu próprio coração.
Seu
presente maior de Natal seria simplesmente caminhar por essas estradas de terra
nua onde sempre caminha e numa janela ou porta aberta ter uma mão calejada de
luta e de sol estendida em sua direção, e no calor tão humano se igualar ao
seu, ainda que nunca tivesse se diferenciado, em humildade e sentimento.
Eu diria,
amigo Rangel, que teu sonho maior é viver a solidão bonita e grandiosa daquele
moço de Assis, depois chamado de São Francisco, vivendo entre os seres da
terra, seguido por pássaros e borboletas, convivendo com animais e conversando
com as pedras do caminho.
Solidão
esta que jamais o afastará da palavra e do grito, pois no teu olhar e no teu
íntimo pulsar uma vontade imensa de transformar em alegria as tristezas que
ainda tanto afligem o seu povo sertanejo. Mas sem poder de ação, apenas diz,
como na letra de Romaria: “Eu só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu
olhar...”.
Oh, amigo
Rangel, solte essa voz sem voz e cante e grite, aquele canto novo que sempre
está em seu coração: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse
amanhã...”, pois lá, na Carta de Paulo aos Coríntios está:
“Ainda que
eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o
metal que soa ou como o címbalo que retine... O amor é sofredor, é benigno; o
amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece... tudo sofre,
tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”.
Eis assim
Rangel, a concepção de amor no seu coração sertanejo, por isso mesmo que sempre
procura fazer da humildade o seu laço de afeto e de amizade perante o seu
conterrâneo.
No
Francisco de Assis na sua caminhada, também a oração que teu peito exala:
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o
amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver a discórdia, que eu
leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé...”.
Siga,
então, amigo Rangel, em busca de luz não apenas neste Natal como em toda a sua
vida, pois precisa ainda muito caminhar para conquistar o afago daquele pássaro
que ao teu roedor voeja querendo ao teu ombro repousar.
E vá sem
medo, e siga sem medo, amigo Rangel, pois, na palavra e no desejo do Senhor: “E
ainda se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for Cristo estará contigo. O
mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo...”.
“E ainda
se vier noites traiçoeiras, se a cruz pesada for Cristo estará contigo. O mundo
pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo...”. Então, feliz Natal,
amigo Rangel!
E Feliz
Natal para você também!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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