*Rangel Alves da Costa
Senhora dona da casa, se achegue, por favor.
Venho com Deus em louvor, na paz sagrada estou. Forasteiro eu sei que sou, na
estrada que Deus criou, caminhante dos sertões, matuto que matutou. Mas chego
de longe agora, e já no alto da hora me sinto faminto e cansado, pois recorro à
senhora, que se tiver sem demora me alimento e vou embora. O mundo é fácil não,
em tudo a devastação, irmão desconhece irmão, todo o ser em aflição, por isso
sei que a senhora, antes de dizer não ouça o seu bom coração. Eis um filho que
implora um tiquinho de agora e no mesmo passo vai-se embora. Levo na mala o
nada, levo no aió a jornada, pois nada tenho pra levar senão o meu caminhar.
Não sei onde vou chegar nem o lugar de ficar, só sei que tenho de partir, mas
antes de prosseguir queira o seu pão repartir. Repartindo o seu pão, em Deus a
multiplicação, matando a fome e a sede desse tão aflito irmão. É o que peço
somente, nada além da semente daquilo que de repente é um pouco em demasia.
Gota d’água e colher, perante a barriga vazia é um mundo de alegria.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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