*Rangel Alves da Costa
Não tenho dúvidas que se esqueceram de mim
neste Natal. Talvez o próprio Natal tenha se esquecido de mim. Da mesma forma
que desde muito que vêm esquecendo-se do Natal, tratando-o como uma data
qualquer, um simples festim comemorativo ou uma passagem para novas e quase
sempre irrealizadas promessas, do mesmo modo fizeram comigo. De qualquer sorte
- ou infortúnio -, fato é que já não me chega qualquer exteriorização do Natal.
Exteriorização significando os brilhos, os sabores, as cores, os materialismos
tão próprios do período, pois interiormente permanecem os sentimentos e a força
significativa da natividade cristã. Fora o que sinto no meu eu e com o que
tenho de me contentar, o restante é apenas de esquecimento. Esqueceram o meu
chester, o meu pernil, o meu queijo de prato, o meu espumante, o meu vinho, o
meu uísque, o meu panetone, a minha farofa enfeitada, a minha salada gorda, a
minha sobremesa. Certamente também se esquecerão de meu presente. Da soma de
tudo, entre o ter e o não ter, resta-me em pensamento a força espiritual
daquele menino na manjedoura e a solidão de dias que passam sem ao menos uma
árvore de Natal ao lado para outras recordações. Um triste Natal, apenas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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