*Rangel Alves da Costa
Creio que
absolutamente ninguém deveria criticar as ações de qualquer gestor municipal.
Ao menos aqueles que não façam uma autocrítica. A culpa é pessoal, das pessoas,
e não desta ou daquela administração. Também creio que ninguém deve reclamar
pelos destinos de Poço Redondo.
Quando,
por exemplo, tanto se fala em não valorização da cultura, das riquezas
históricas e das demais potencialidades do município, na maioria das vezes tudo
é da boca pra fora. Quantos verdadeiramente se preocupam com a cultura e a
história de Poço Redondo?
Intimamente,
a partir de um comprometimento pessoal, a maioria reza pela cartilha do tanto
faz. E tanto faz mesmo, pois se valoriza mais um cantorzinho qualquer ao que se
tem de melhor. Lourenço comparou a atual importância de Devinho Novaes e
Antônio Conselheiro para o município e a conclusão chegada foi de que se
conhece mais o “boyzinho” do que o missionário.
Numa praça
de eventos ou num canto qualquer, basta observar quantos da cidade vão aplaudir
Geno Vito, os Pífanos da Família Vito, Sávio, Gilvan do Acordeon, Renê, Murilo,
Antônio Neto e tantos outros, em comparação aos que lotam os shows dos
forasteiros.
Tenho
feito vários eventos no Memorial Alcino Alves Costa e a todos convido. Mas
quantos vão prestigiar? Chega a ser absurdamente desrespeitosa a atitude da
grande maioria dos poço-redondenses.
É um povo
que não respeita nada do que é do lugar. É um povo que até premedita a
desvalorização de sua própria riqueza histórico-cultural. É um povo que só tem
força para criticar, mas sempre age pela via inversa: não demonstra nenhum
respeito ao que de melhor existe em sua Poço Redondo.
Sábado
mesmo, convidei Poço Redondo inteiro para a inauguração da Sala Arte da Terra
do Memorial Alcino Alves Costa. Quantos foram? Conta-se nos dedos. Mas se eu
tivesse colocado um show com uma patifaria qualquer defronte ao Memorial,
certamente que a rua ficaria lotada.
Até quando
isso? A continuar assim, aquela velha prática do quanto pior melhor continuará
prevalecendo. E por culpa dessa ampla maioria de poço-redondenses. Por
consequência, quem não tem compromisso com o seu lugar também deve ficar de
boca calada com tudo que aconteça, seja de bom ou ruim.
Um povo
apático, inerte, ingrato com sua própria terra, sequer merece ser ouvido. Mas é
esta, infelizmente, a feição desta maioria de agora de Poço Redondo. E não
apenas jovens, mas pessoas de todas as idades.
Dói demais
dizer isso, fazer tais afirmações, mas soa como um necessário desabafo. Nada se
constrói com o descomprometimento e a desvalorização. Chega a ser até
vergonhosa tal atitude, mas é o que se observa a cada passa e a cada dia.
Daí, no
caso de Poço Redondo, estar corretíssima a afirmação segundo a qual um povo tem
aquilo que merece. E o que é que merece essa maioria de poço-redondonses que
vive à margem do que seja importante para o próprio município? Não merece nada,
absolutamente nada. E será esta a colheita que se terá.
Ou as
pessoas mudam suas atitudes, agindo de forma ativa, consciente e crítica, ou o
nada será transformado nos seus arredores. Portanto, não adianta criticar
administração, pessoas ou situações, se o que pessoalmente elas fazem é ainda
mais negativo.
Eu,
pessoalmente, desde muito que vivo indignado com tais atitudes. Toda vez que a
Família Vito ecoa os seus pífanos na calçada do Memorial e olho ao redor e só
avisto uma dúzia de pessoas, tudo dilacera por dentro. E bem adiante, noutras
calçadas, dezenas de jovens bebem e brindar suas inércias na vida.
Tudo isso
me faz dizer: Poço Redondo afunda-se pelas mãos de grande parte de seu próprio
povo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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