*Rangel Alves da Costa
Talvez sentindo cheiro apodrecido, eis que vem o gavião carnicento,
faminto, voraz, feroz. Ou será o homem, ou será o homem? Um cheiro de sangue
por todo lugar, uma sangria sem fim, tão medonha como horripilante. Então vem o
gavião com seu bico certeiro, com sua sede imensa, com sua maldade no bico. Não
sei se gavião, pois talvez o homem, talvez o homem. Um resto de resto, uma vida
esvaída, um fim terminado. Não há prato melhor para o gavião. Mas também para o
homem. Nada ainda morreu, resta um sopro de vida, mas nada que fuja da morte
certa na sanha do gavião. Ele ronda, ele aparece, ele de repente surge, ele
avança, ele destroça, destrói, exaure. Ou será o homem, ou será o homem? Tudo
parecendo em paz, em silêncio e mansidão, mas eis que um voo repentino a tudo
desfolha, a tudo faz zunir, a tudo esvoaça. Ali vem o gavião, surgido do nada,
com bico em punhal, com olhos de fogo, com fome de bicho, com sede animal, ali
vem o gavião. Ou será o homem, ou será o homem?
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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