Palavra Solta
- ruas tristes
*Rangel Alves da Costa
É Natal, mas um Natal de ruas tristes. Tempo
nublado, calmo, sombrio, silencioso, vou até o portão da frente e avisto o
deserto na cidade grande. Olho para um lado e outro e apenas avisto casas de
portas e janelas fechadas e um asfalto ainda úmido da chuva pouca caída na
madrugada. Nenhum menino passa correndo, nenhuma voz é ouvida pelos arredores,
nenhuma pessoa entristecida passa pela calçada. Já não é mais tempo de estar
dormindo. Os cafés já borbulham em chaleira, os pães adormecidos já estão sobre
a mesa. Mas este o mundo das casas e não das ruas. Um cachorro sem dono passa.
Um gato surge numa esquina. O entregador de jornais não apareceu. Não é
feriado, pois apenas um domingo. Não tenho porta, mas meu portão está aberto.
Vou até a esquina e avisto a mesma solidão das ruas tristes. Uma janela enfim é
aberta. Mas não avisto ninguém. Uma voz sem face, um barulho sem gente. Um
carro passa. E só.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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