SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 24 de dezembro de 2017

Palavra Solta - ruas tristes


Palavra Solta - ruas tristes

*Rangel Alves da Costa


É Natal, mas um Natal de ruas tristes. Tempo nublado, calmo, sombrio, silencioso, vou até o portão da frente e avisto o deserto na cidade grande. Olho para um lado e outro e apenas avisto casas de portas e janelas fechadas e um asfalto ainda úmido da chuva pouca caída na madrugada. Nenhum menino passa correndo, nenhuma voz é ouvida pelos arredores, nenhuma pessoa entristecida passa pela calçada. Já não é mais tempo de estar dormindo. Os cafés já borbulham em chaleira, os pães adormecidos já estão sobre a mesa. Mas este o mundo das casas e não das ruas. Um cachorro sem dono passa. Um gato surge numa esquina. O entregador de jornais não apareceu. Não é feriado, pois apenas um domingo. Não tenho porta, mas meu portão está aberto. Vou até a esquina e avisto a mesma solidão das ruas tristes. Uma janela enfim é aberta. Mas não avisto ninguém. Uma voz sem face, um barulho sem gente. Um carro passa. E só.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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