*Rangel Alves da Costa
A ideia agora tem nome: Lula. Nada mais de
noção, de conhecimento, de representação, de conceito, de aspecto, de
apreciação, de imagem. Nada mais. O que se tem agora como ideia se chama Lula.
Ou a ideia que ele faz de ideia, que deve ser
uma noção totalmente descontextualizada do que realmente deseja expressar. Na
verdade, ele quis dizer que não era mais o Lula político, o Lula ex-presidente,
o Lula candidato, mas algo muito acima da naturalidade: o Lula sobrenatural, o
ser iluminado, a divindade, a perfeição!
Que ideia mais absurda. Até mesmo porque
nascida de uma insanidade já comprovadamente perigosa. Em mentes tomadas de
alienações e loucuras é que surgem divagações absurdas desse tipo.
Mas ele talvez não tenha culpa de assim
pensar, ainda que de sua mente mentirosa e doentia tudo possa nascer. Quem já
se comparou a jararaca, quem já se disse com virtudes santas e angelicais,
agora pode muito bem elevar-se ao monte da purificação.
Um louco, um insano, um pervertido, um
alucinado, um psicopata, um alienado de sua própria representatividade. Ao
invés de buscar um espelho e nele enxergar suas sombras, suas atitudes escusas,
suas íntimas traições, bem como seus processos e sua condenação, acha-se no
direito de querer se endeusar.
Num discurso ensaiado de outras fontes, aos
moldes dos retóricos de palavras fáceis, teceu a si mesmo as superiores
virtudes. Segundo disse, não é sequer mais homem, não é sequer a pessoa Lula,
pois já ultrapassou a esfera terrena do comum. Está além, pois já se tornou uma
ideia.
Talvez seja uma ideia mesmo, e bem na
amplitude vazia e vaga do próprio conceito de ideia. Considerando a ideia como
uma representação mental sobre algo, então Lula se desapartou do seu lado
humano (aquele condenado e levado à prisão) para propagar uma exteriorização
inexistente.
Quanta insanidade numa ideia de pessoa! É
como se os processos não existissem, é como se já não houvesse sido condenado,
é como se o seu nome já estivesse na boca do bueiro e escorrendo pelos
lamaçais, é como se seus atos impuros não tivessem nenhuma valia. E não por que
ele está acima disso tudo. Ele é puro, é a essência! Um doido varrido.
Segundo a sua insana divagação, nenhum mal
pode mais lhe atingir pois já alcançou um estágio onde apenas o seu nome, ou a
sua ideia, passou a ser a única verdade existente. O Lula não existe mais, mas
apenas um ser superior que esta sobre ele - e que é ele mesmo - e que age nas
pessoas como algo em estado de perfeição.
A noção de supremo, de deus, de divindade, de
iluminado, de essência, de um ser que é tudo e está além de tudo, foi plantada
pelo fanatismo político. Ora, se pessoas devotam um condenado, se militantes
pregam a probidade na corrupção, se fanáticos cegam perante toda e qualquer
acusação perante o seu líder e guru, então o divinizado passa a achar que é
divino mesmo.
Este é o caso do Lula. O fanatismo ao seu
redor cresceu de tal forma que de repente ele se viu no pedestal da divindade.
Por isso mesmo que imagina já ter alcançado a plena consagração. Ademais, tudo
que contra ele se faça passa a ser tido como perseguição a um justo e um
inocente. E arraigou-se de tal modo que ele, já em elevado estado de
insanidade, talvez se imagine mesmo como um inocente e puro.
Mas a verdade é que a ideia foi e continua
presa. Não se sabe ainda como a Polícia Federal cuida de prisioneiro-ideia. Mas
o melhor seria não se preocupar nem o que seu bem estar, seu alimento, seu dia.
Uma ideia não precisa de café nem de almoço. Precisa apenas ser esquecida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
Brilhante texto!
Os santos existirão, enquanto existirem devotos.
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