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terça-feira, 26 de junho de 2018

A saudade pela estrada (Poesia)



A saudade pela estrada


Primeiro passou a boiada
depois passou o tropel
depois passou duas reses
depois vaqueiro e cavalo
depois passou uma vaca
depois um cavalo sozinho
depois um triste vaqueiro
depois mais nada passou
depois só o vento passou
nenhum mugido do gado
nenhum aboio de vaqueiro
nenhuma réstia dos tempos
onde as veredas e estradas
eram do boi e da boiada
eram do cavalo e vaqueiro

aquele olhar tão tristonho
chorando quando nada passou
um dia fechou a janela
no mesmo dia a porta fechou
e também seguiu pela estrada
na solidão dos desalentados
e assim foi sumindo de tudo
como tudo passa e tudo morre
e na poeira vai ficando apenas
as saudades daqueles sertões.

Rangel Alves da Costa


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