*Rangel Alves da Costa
Conheço muita gente que nutre verdadeira
paixão por gatos, gatinhos e gatões. Nada contra quem goste dos bichanos. Mas
tudo contra os bichanos. E falo não de três ou quatro gatos, mas de dez, vinte,
trinta, milhões, que depois ao anoitecer surgem para atazanar. Pulam muros,
entram por frestas, abrem janelas, abrem espaço entre telhas, ficam ao pé da
porta esperando uma chance para entrar. E o que fazem dentro de casa? Reviram
tudo, mexem em panelas, sobem na mesa, catam debaixo de tudo, fuçam, azunham,
reviram, derrubam e quebram tudo. Isso dentro de casa, pois fazem muito mais.
Talvez pensem que o telhado é um campo de dor. São lamentos, gemidos,
penitências, rogos, gritos aflitos, uma lastimação. E isso a noite inteira.
Parecem quebrar propositalmente o telhado. De repente e um terrível barulho.
Uma telha despencando lá de cima por causa de um gato. Um não, vários, dezenas,
milhares, milhões. Temo que eles ganhem essa guerra. Ou eu ou eles. Não sei se
vai dar certo, mas o jeito que tem será eu colocar cachorros famintos no
telhado, também dentro de casa. O pior é se fizerem amizade e eu ficar
entrincheirado entre as duas feras. Duas não, dezenas, centenas, milhares.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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