*Rangel Alves da Costa
O sertão tá um chove não chove danado. Época
de o milho já estar bonecando, de o feijão já estar ramando, de a melancia já
estar em tempo de colher, mas nada de chuva. Ou quase nada, pois apenas no
chove não chove. No ano passado, o mês de julho já contava com muito milho
verde, muito fruto da terra e certeza de uma boa colheita. Mas esse ano não. As
chuvas foram poucas ou escassas demais, mais chuvisco do que pingo d’água, e
tudo ficou na dúvida se ainda haveria tempo de lançar a semente sobre a terra.
Nunca mais caiu chuva forte e farta, em dias seguidos, ou de maneira a molhar
suficientemente a terra. E no sertão se chove um dia e passa três sem chover, o
verde surgido logo começa a esturricar. E o que foi plantado se perde, murcha,
não vinga de jeito nenhum. Eis a situação sertaneja, apenas no chove não chove.
Como se diz, a chuva que cai é muito mais pra gripar do que pra qualquer outra
coisa. Nem pra banho de chuva serve o chuvisco caído. Talvez somente para
desesperançar ainda mais a ilusão sertaneja de dias melhores.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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