*Rangel Alves da Costa
Estou na minha terra natal, em Poço Redondo,
no alto sertão sergipano. Dia de segunda é também o dia de feira na cidade.
Abrigo-me pertinho do mercado municipal e do local da feira, e desde ontem à
noite que vejo a chegada de carros, caminhonetes e caminhões trazendo
mercadorias, principalmente frutas: melancia, mamão, laranja, goiaba, jaca,
jenipapo, e muitas outras espécies. E hoje, desde as quatro da manhã que já
ouço a arrumação das coisas, a caminhada de pessoas, o barulhar próprio da
feirança em seu início. Logo mais, então, será meio mundo de gente indo e
voltando, passando de sacolas vazias e retornando abarrotadas dos produtos da
terra. Certamente um quilo ou dois de carne de porco, de gado, de carneiro.
Certamente um quilo ou dois de fato, de sarapatel, de mocotó. Daqui a pouco
também por lá estarei, mas não para qualquer compra, ainda que não me encante
tanta coisa boa e saudosa que hei de encontrar. Mas objetivo mesmo reencontrar
a verdadeira feira interiorana e sua profusão de cheiros, sabores e aparências,
que tanto encantam olhar e coração. Bem sei que ali o arroz-doce, o mungunzá, o
bolo de macaxeira, o pé-de-moleque, o mingau de puba, o macasado, o pote de
barro, a moringa, o boi de barro, a arte em madeira, o trançado de cipó e todo
o fazer de um povo, de um povo sertanejo. Assim o mundo interiorano em seu dia
de feira. Um mundo que também é o meu, de coração.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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