Rangel Alves da Costa*
Crescemos, nos adulteramos, envelhecemos.
Contudo, mesmo na mais avançada idade, mesmo na velhice mais pujante, ainda há
uma criança que nos habita. A criança que cada um foi um dia e que nunca se
transforma ou envelhece. Não há quem não traga consigo essa criança, essa
meninice travessa, essa criança danada, malina, brincalhona, contente e feliz,
cheia de sua vida e cheia de seu tempo. Ninguém jamais esquece o menino jogando
bola pelos descampados, o menino descalço, o menino solto no mundo, tomando
banho nu debaixo da chuva, tomando palmada na bunda e sendo colocado de
castigo. Ninguém jamais esquece a menina que foi com sua boneca de pano, sua
casinha de boneca, seu estojo de brincadeira, sua ciranda cantada debaixo das
noites de lua, seus espelhos e sonhos de menina querendo moça. Ninguém jamais
se esquece desse passado mais vidas que todas as outras vividas. E pelos
caminhos da vida, pelas curvas e contratempos, mesmo nas alegrias e
contentamentos, sempre a doce recordação de um passado que se eterniza como
presença: infância. Ou a eterna criança que nos habita.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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