*Rangel Alves da Costa
Parece mesmice, mas uma certeza que precisa
ser repetida: o ser humano não nasceu predestinado ao sofrimento. A ser um
pêndulo do Eclesiastes sim, pois com idas e vindas, com alegrias e tristezas,
contentamentos e melancolias, mas não apenas relegado ao sofrimento. Contudo,
num mundo e numa existência onde as felicidades e os prazeres são tão
inacessíveis, onde os pequenos deleites se tornam fruição a tão poucos, então
os sofrimentos, as angústias, problemas, desilusões e pesares, acabam se
tornando tão costumeiros que mais parece não existir mais lugar para a
felicidade. E muita gente acaba mesmo desconhecendo o que seja a felicidade.
Com cotidianos de problemas desde o amanhecer ao anoitecer, com novas aflições
que surgem a cada passo, difícil não ter forçosamente que acostumar com o lado
pior da vida: viver sem paz. Não são poucos os que sequer se recordam do último
sorriso, do último instante de verdadeiro prazer. Mas da lágrima sim, da dor
sim, da angústia sim. O homem não nasceu para ser assim, para viver assim. Mas
está se tornando assim cada vez mais. É como se a esperança maior não fosse
alcançar um sonho bom, mas tão somente que os pesadelos não se confirmem desde
o alvorecer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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