*Rangel Alves da Costa
Não faz muito tempo que surgiam livretos
intitulados “Cronistas brasileiros” ou “As melhores crônicas brasileiras”,
cujos autores escolhidos envolviam nomes como Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo
Mendes Campos, Mário Quintana e Carlos Drummond de Andrade, dentre outros. Os
escritos pautavam-se por serem verdadeiros relatos cotidianos, acerca de
vivências do dia a dia ou tomados da memória, como requer a arte da crônica. E
ler tais relatos, tantas vezes surgidos fresquinhos nos jornais, causava imensa
satisfação. Lia-se sobre um tempo de amigos, de praças, de milhos e de pombos,
de calçadas e proseados, de ruas e seus conhecidos, de realismos cotidianos.
Era como se o cronista estivesse conversando com o leitor e relatando
circunstâncias do seu dia a dia, de seus encontros e desencontros. Mas hoje,
escrever sobre o que? Qual a crônica atual que traga em si alguma
sensibilidade, algum sentimentalismo, alguma memória boa? Crônicas de sangue,
de violências, de barbaridades. Para tal não necessita mais que o escritor se
debruce sobre as barbáries humanas. Basta que os jornais derramem sobre as
manhãs as mazelas do dia anterior, exalando a vermelhidão putrefata e ecoando
ainda todo o grito de dor e sofrimento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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