SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Palavra Solta – o silêncio da montanha


*Rangel Alves da Costa


As vozes, os gritos, os barulhos, as algazarras, tudo isso atormenta a paz, a serenidade do viver. Por isso que subi a montanha. As violências, as buzinas, os freios, as abordagens, as arrogâncias, as ignorâncias, os tiros, as sirenes, as correrias, tudo isso transforma a existência numa insuportabilidade angustiante, num sofrimento indescritível. Daí que lentamente caminhei até subir a montanha. As mentiras, as falsidades, as hipocrisias, as demagogias, os egoísmos, as petulâncias, as covardias, os destemperos, tudo isso aflige demais o viver e ameaça qualquer tentativa de apenas viver. E não tive outra saída senão me esforçar para alcançar o alto da montanha. Perante um povo sem fé, um povo sem Deus, um povo sem amor, sem bondade no coração, impossível compartilhar a existência. Que as feras vivam com as feras, os bichos com os bichos, o homem com sua crença e predestinação. Tudo isso me levou alto da montanha. E lá no alto, no ponto mais alto de tudo, em meio ao silêncio e na proximidade da nuvem, ajoelhei-me e orei. Depois me levantei e orei. Depois fechei os olhos e mais orei. Até ouvir a voz do silêncio: o teu Deus está aqui!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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