*Rangel Alves da Costa
As vozes, os gritos, os barulhos, as
algazarras, tudo isso atormenta a paz, a serenidade do viver. Por isso que subi
a montanha. As violências, as buzinas, os freios, as abordagens, as
arrogâncias, as ignorâncias, os tiros, as sirenes, as correrias, tudo isso
transforma a existência numa insuportabilidade angustiante, num sofrimento
indescritível. Daí que lentamente caminhei até subir a montanha. As mentiras,
as falsidades, as hipocrisias, as demagogias, os egoísmos, as petulâncias, as
covardias, os destemperos, tudo isso aflige demais o viver e ameaça qualquer
tentativa de apenas viver. E não tive outra saída senão me esforçar para
alcançar o alto da montanha. Perante um povo sem fé, um povo sem Deus, um povo
sem amor, sem bondade no coração, impossível compartilhar a existência. Que as
feras vivam com as feras, os bichos com os bichos, o homem com sua crença e
predestinação. Tudo isso me levou alto da montanha. E lá no alto, no ponto mais
alto de tudo, em meio ao silêncio e na proximidade da nuvem, ajoelhei-me e
orei. Depois me levantei e orei. Depois fechei os olhos e mais orei. Até ouvir
a voz do silêncio: o teu Deus está aqui!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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