*Rangel Alves da Costa
Tanta
saudade agora. Saudade da palavra, da presença sertaneja, da lição de vida, da
sabedoria matuta, do dengo, do cafuné, de tudo aquilo que desde a meninice fui
tecendo aprendizado através das vozes, afagos e acalantos do meu avô e da minha
avó. Minha avó me dizia, meu avô repetia: “Cuidado com o mundo, cuidado com as
estranhezas da vida. Não vá pela estrada de espinho nem beba água de qualquer
copo. Às vezes o gafanhoto é mais bonito que a borboleta. Nunca vá pela
aparência. Tenha muito cuidado”. E de novo minha avó me dizia e meu avô
repetia: “Cobra ruim seca na beira da estrada esperando um calcanhar. Nunca
deixe que o inimigo lhe espere para dar o bote. Siga por outro caminho e um
dia, de tanto esperar, ele vai secar por si mesmo. Tenha cuidado com a curva e
com o labirinto. De trás do tufo de mato pode haver uma maldade escondida. Bem
assim é na vida. É preciso saber qual caminho seguir e se na beira da estrada
há perigo escondido”. E de vez em quando repetiam: “Seus amigos são seu pai e
sua mãe, seus amigos são seus avós e suas avôs. Nem sempre irmão é amigo, muito
menos parente. Pra o desconhecido a desconfiança, mas sem esquecer que nem todo
estranho possa ser ruim. Mas saiba sempre que o seu maior amigo é você mesmo.
Nunca deixe de ser amigo de você mesmo. Enquanto confiar em si mesmo nada mais
na vida lhe encontrará sozinho e desarmado. Acima de sua amizade, só a de Deus.
Saiba que Deus é tudo”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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