*Rangel Alves da Costa
Sim, uma
menina nua. Apenas uma menina nua. Nada mais há que se avistar que uma menina
nua. Por que olhos maldosos, por que taras doentias, por que intencionalidades
abomináveis, sempre avistam com outros olhos a menina nua? Mas a menina está
nua. Nua no meio da rua, nua dentro do quintal, nua na ladeia, nua no meio da
tribo, nua perante os seus e na sua comunidade. Ora, é apenas uma menina nua.
Noutros tempos, em idos de pessoas de comportamentos menos deturpados, a menina
saía nua para tomar banho de chuva, nua brincava de boneca, nuca corria de
canto a outro, e todo mundo a avistava não como mulher em afloração sexual,
como objeto de desejo, mas tão somente como uma menina nua. Tempo de respeito às
pessoas, à infância, aos primeiros anos de vida. Tempo de decência e honradez,
onde a nudez era apenas um corpo nu e não um chamado à volúpia, ao insano
prazer. Hoje nem no seu quarto a menina pode ficar mais nua. Mesmo vestida, a
bestialidade humana a desnuda com más intenções. Tristes tempos estes, tristes
dias onde a infância perdeu, perante olhos maldosos, toda a flor da inocência,
da pureza, da singeleza da vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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