SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 14 de março de 2017

Palavra Solta - a mocinha e as borboletas azuis


*Rangel Alves da Costa


Parece Macondo e a bela Remedios rodeada de borboletas. Mas não tem nada a ver com a personagem de Gabriel Garcia Márquez no seu Cem Anos de Solidão. A Remedios da vida real era outra, porém tão bela e sedosa como aquela da ficção. Igualmente vivia num quarto e só começava a ter algum sopro de vida quando a janela era aberta e as borboletas chegavam para alegrar os seus dias. Era a única alegria que possuía em todo o seu viver. Os pais pediam para que fosse passear no jardim, encontrar e conversar com amigos, estar mais presente na vida da casa, mas ela sempre dizia que somente no seu quarto se sentia bem. Era solitária, chorosa, aflita, sem que nada pudesse explicar essa situação. Não era tristeza por amor não correspondido, não era angústia pela saudade, não era aflição pela carência afetiva. Então, o que seria? Era apenas a vontade de abrir a janela e avistar quando as borboletas azuis chegavam. Mas um dia elas não chegaram. No outro dia também não. E assim também nos dias seguintes. Então a mocinha pulou a janela e foi procurar borboletas. E nunca mais voltou.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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