*Rangel Alves da Costa
Parece
Macondo e a bela Remedios rodeada de borboletas. Mas não tem nada a ver com a
personagem de Gabriel Garcia Márquez no seu Cem Anos de Solidão. A Remedios da
vida real era outra, porém tão bela e sedosa como aquela da ficção. Igualmente
vivia num quarto e só começava a ter algum sopro de vida quando a janela era
aberta e as borboletas chegavam para alegrar os seus dias. Era a única alegria
que possuía em todo o seu viver. Os pais pediam para que fosse passear no
jardim, encontrar e conversar com amigos, estar mais presente na vida da casa,
mas ela sempre dizia que somente no seu quarto se sentia bem. Era solitária,
chorosa, aflita, sem que nada pudesse explicar essa situação. Não era tristeza
por amor não correspondido, não era angústia pela saudade, não era aflição pela
carência afetiva. Então, o que seria? Era apenas a vontade de abrir a janela e
avistar quando as borboletas azuis chegavam. Mas um dia elas não chegaram. No
outro dia também não. E assim também nos dias seguintes. Então a mocinha pulou
a janela e foi procurar borboletas. E nunca mais voltou.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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