*Rangel Alves da Costa
Nem todo tipo de comida entra em minha boca. Sou
cismado com cozinhas, fogões, preparativos, com mãos que aprontam pratos. O
problema maior não está na aparente sujeira do ambiente, dos pratos ou
talheres, mas nos escondidos das cozinhas. Sabe-se lá qual higiene no preparo
de uma simples comida. Por isso mesmo evito comida de rua, de mercado, de
vendas de pratos típicos, de tabuleiros e barracas. Prefiro a fome a colocar na
boca aquilo que num instante possa me trazer um arrependimento danado. Mas ontem
ignorei todo e qualquer tipo de precaução. Estava com uma fome tamanha, em viagem
de mais de três horas, sem ter ingerido qualquer comida nem no café da manhã
nem no almoço, que nem pensei duas vezes quando o ônibus parou um instante e me
vi diante de uma venda de pastéis. Sequer olhei a aparência nem quis saber
sobre os recheios, pois fui logo pedindo três. E já no ônibus, com uma Coca-Cola
em mão, fui me fartando gulosamente. Nunca vi pastel tão gostoso. Eis o
problema da fome. Com fome a pessoa come de tudo, até mesmo pastel de estrada.
E acha a maior delícia do mundo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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