*Rangel Alves da Costa
Por muito tempo, desde os seus primórdios, o
transporte do sertão era o animal, o carro-de-bois e a carroça. Mas hoje,
contudo, é raridade avistar um jegue, um burro ou cavalo, transportando alguma
pessoa. Igualmente, já não se avista mais carro-de-bois nem carroças cortando
as estradas sertanejas. Agora, ao invés do lombo do animal ou invés da madeira
do velho carro sertanejo, a moto é utilizada para todo e qualquer tipo de
locomoção. Não se ouve mais um relincho nem os sons arrastados de rodas, mas
tão somente o barulho dos motores. Se vai tirar leite do gado, o vaqueiro vai
de moto. Se vai à cidade no dia de feira, o sertanejo vai no lombo da moto. Se
vai entrar na caatinga, sempre a moto no lugar do cavalo. Consequência disso é
o abandono do bicho de montaria. E coisa mais triste é um jegue rejeitado pelo
seu dono e abandonado pelas estradas. Sem ter mais guarida, o bicho ora fica na
beirada do caminho ora um pouco mais escondido. Sozinho, sem que chegue com um
pouco de milho ou ração, simplesmente vai se esvaindo na tristeza e no
desalento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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