Rangel Alves da Costa*
O termo Aquisitores certamente soará com
estranheza para grande número de pessoas. De fato, são poucos aqueles que se
voltam para escritos sobre o tema e mais difícil ainda encontrar pessoas
falando acerca de seu conceito e atuação. Desse modo, para de logo espantar o
desconhecimento de alguns, eis uma primeira pista: há sempre alguém ou algum
grupo se aproximando e interferindo no poder, senão atuando com influência no
próprio Estado, para atrair para si todos os tipos de lucros e benesses, sejam
políticos, de mando ou meramente econômicos.
Uma segunda pista: existem forças poderosas,
porém agindo nas sombras ou mesmo ocultamente, de modo a não deixar que se
reconheça sua influência no curso dos fenômenos, mas que sempre estão presentes
para moldar as situações ao seu modo e conveniência. E tais forças agem nos
partidos políticos, nas esferas governamentais, perante os políticos, nas casas
legislativas, em qualquer lugar que lhes garanta lucros nas suas diversas
feições e modos.
Uma terceira pista: grupos, setores,
lideranças empresarias, representantes de clãs ou oligarquias, a burguesia
econômica e tantas outras influências, sempre possuem interesses que precisam
ser preservados ou alimentados. E para tal destinam volumosas quantias para o
financiamento de campanhas políticas ou mesmo para que as votações legislativas
e os gastos governamentais estejam coadunados com seus interesses. Não raro que
se arvoram de serem os verdadeiros fazedores de governantes.
Última pista: grandes grupos empresariais
investem em regiões ou setores que lhes garantam não só grandes lucros
financeiros, mas também de dominação política e administrativa. Contudo, tais
investimentos são realizados em grande parte pelos governantes, que não podem
negar a realização de tais gastos por já estarem atrelados aos interesses
daqueles grupos. E atrelados porque tiveram suas campanhas financiadas pelos
grandes grupos, nada podendo negar sob pena de serem destruídos pelos seus
próprios sustentáculos.
Tudo acima exposto leva a um só nome:
Aquisitores. Desse modo, tem-se pela denominação de Aquisitores grupos de poder
que agem com o único intuito de dominação, seja atuando no meio político,
governamental, religioso ou perante a sociedade civil. Formam algo como um
governo oculto, não raramente mais forte e influente que o governo
institucionalizado, conduzindo a vida estatal em prol de seus interesses. Os
seus membros, originários de poderosos setores empresariais ou de grupos
familiares tradicionais, atuam de modo a manipular as esferas política,
econômica e social. Uma prática usual é não permitir o progresso indistinto,
vez que quanto mais desenvolvida sua esfera de interesse mais difícil será de
controlá-la.
Parece contraditório delimitar o progresso
para dele extrair dividendos, mas não o é. Os avanços descontrolados e os
desenvolvimentos sem rédeas tendem a tirar dos grupos, das famílias e das
pessoas poderosas o poder de abarcamento sobre tudo. Quanto mais a sociedade se
desenvolve mais tende a fragilizar as velhas ferramentas de manipulação e
submissão, daí que buscam refrear as ações e reorientá-las a seu modo a partir
dos governos, dos partidos, das casas legislativas, da igreja e das sociedades
organizadas. E nisso tudo a força oculta e poderosa dos Aquisitores.
A força dos Aquisitores é tamanha que fabrica
governadores, senadores, deputados, vereadores e ainda mantém sob suas rédeas
inúmeras lideranças políticas e de todos os setores. Também indicam ministros,
secretários, dirigentes estatais, toda uma gama de pessoas que certamente
agirão segundo suas ordens ou sem se contrapor aos seus desejos. Há grandes
investimentos nas ações, mas plenamente justificados diante dos objetivos de
continuidade de dominação. O cidadão comum geralmente vê tal atuação como
expressão de força política ou econômica, mas sequer imagina como tudo é
forjado e quais os reais objetivos.
Alguns historiadores afirmam que os
Aquisitores surgiram como um braço de atuação dos Illuminati. Esta é a
denominação de uma sociedade secreta que age mundialmente e cujo objetivo maior
é controlar secretamente os assuntos que envolvem as nações, de modo a
estabelecer uma nova e única ordem mundial sob o seu império e mando. Pessoas
infiltradas no governo e nas demais instituições acabam conspirando contra a
própria nação em nome dos interesses ocultos dos Illuminati. E que não são tão
ocultos assim, vez que buscam moldar o mundo segundo suas aspirações.
Saliente-se que ao renunciar, Jânio Quadro se referiu a forças terríveis que o
impediam de governar. Anteriormente, Getúlio Vargas, na famosa
carta-testamento, já afirmava que as forças e os interesses contra o povo o
condenavam.
Quais forças ocultas, quais as forças
terríveis que condenavam os governantes e os impediam de governar com as suas
próprias forças? Ora, as poderosas e ocultas forças de dominação mundial, as
mesmas forças que fazem, depõem e destroem governantes. Basta que se
contraponham aos interesses das reais forças que se escondem sob seus escudos e
estarão fadados ao desprezo, à ineficácia administrativa, ao descalabro total.
E, o que é pior, forçados a se submeterem às ordens ocultas. E na submissão do
governante o jugo de toda a nação e de seu povo.
Mas, como afirmado, não somente perante as
nações agem os Aquisitores, segundo as lições aprendidas dos Illuminati, pois
também a nível local, regional, estadual. E não será surpresa alguma encontrar
sombras desses poderes também em Sergipe. Basta imaginar quantas pessoas e
famílias poderosas estão por trás dos financiamentos de campanhas políticas,
atuando em setores sociais e religiosos, firmando suas presenças, ainda que
agindo silenciosa e ocultamente. E nada é feito apenas por serem boazinhas. É
bom que se saiba disso.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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