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sexta-feira, 10 de outubro de 2014

OS EGOÍSMOS POLÍTICOS


Rangel Alves da Costa*


Neste segundo turno, nem todos os partidos e postulantes derrotados na corrida presidencial apoiarão as candidaturas de Dilma Rousseff ou Aécio Neves. O PSOL de Chico Alencar, por exemplo, vai simplesmente ignorar qualquer pleiteante ao planalto. Diferentemente do PSOL de Luciana Genro, que mesmo afirmando haver liberado seus militantes para escolher entre o voto em branco, nulo ou na candidata petista, certamente apoiará esta por trás dos panos.
Outros, coerentemente, já declararam abertamente suas opções na disputa. E coerentemente porque não se tem como atitude acertada um candidato ou partido deixar de participar de uma eleição simplesmente porque seu candidato foi derrotado no primeiro turno. Não se admite que o candidato desrespeite o próprio eleitor ao não abraçar a causa daquele que mais se aproxima dos seus planos de governo. Imaginar o contrário seria abertamente incorrer em egoísmo político.
E egoísmo em toda sua dimensão. Ora, o que é egoísmo senão a atitude tomada pela pessoa para colocar seus interesses acima de tudo, achando que é o máximo, o plus, o mais importante entre todos? Egoísmo é pensar somente em si mesmo, em desprezar as opiniões e os valores alheios por achar que somente os seus devem prevalecer, é o abandono dos ideais comunitários e sociais porque não correspondem com exatidão ao seu pensamento.
Na política, o egoísmo é visível naquele político que se endeusa, que se acha o mais capaz e mais importante, e que somente ele sabe governar. O egoísmo político minimiza a importância de outros políticos e partidos, procura mostrar que somente seu agrupamento é capacitado para o exercício do poder governamental. Mas também é egoísta o partido que estando no poder acolhe somente seus partidários nos diversos cargos sob seu comando.
Desse modo, diante da disputa de agora, ou o candidato derrotado tem a sensatez de ao menos expressar sobre o melhor para o país ou estará negando até mesmo sua valia enquanto ser político, participante, preocupado com os destinos da nação. Que não suba no palanque, que não grave depoimentos ou mesmo que não arregimente seus militantes e apoiadores em torno de um nome, mas tem o dever de dizer quem terá o seu voto. Terá, sim, de afirmar, e de forma induvidosa, se apoiará a candidata petista ou o peessedebista.
Ao preferir calar, ficar em cima do muro ou simplesmente afirmar que nenhum dos candidatos merece o seu voto e de seu partido, estará dando a máxima demonstração não só de egoísmo, mas também de despreparo e arrogância. E também visível a afronta ao seu eleitor. Eis que todo votante, mesmo derrotado no primeiro turno, não espera a hora de dar o troco, a volta por cima, encontrar a vitória. Ademais, caracteriza-se como extrema mesquinhez se apegar no que não deu certo consigo mesmo para omitir ou negar apoio a outro.
Outro dia um comentarista político fez uma observação pertinente a esse respeito num canal fechado. Afirmou que ou Marina escolhia apoiar Dilma ou Aécio, e imediatamente, ou estaria dando um péssimo exemplo de egoísmo político. Quer dizer, ao não acenar para nenhum outro candidato estará passando a ideia de que ninguém mais merece o seu apoio, que ela é a melhor e que agora tanto faz. E completou afirmando que agindo assim não apenas fica enfraquecida politicamente como tenderá a se tornar um vazio político. E sem qualquer força para novas pretensões.
Tal problema foi sanado por Marina, pois optou por Aécio Neves, porém fazendo injustas imposições. E assim porque está querendo impor compromissos de governo de forma egoística, pensando somente nela, quando deveria apenas lembrar ao peessedebista que alguns de seus planos poderiam ser acolhidos acaso eleito. Impor, exigir, deixar transparecer que somente apoia se ele aceitar o que ela quer não é papel que se preste a nenhum ex-candidato.
De qualquer modo, a verdade é que teria que deixar claro para os seus milhões de eleitores que o seu partido a sua coligação têm compromisso com o futuro do país e por isso mesmo Aécio representa essa grande esperança. Que, aliás, é a de todos nós.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Um comentário:

Anônimo disse...

É verdade Dr.Rangel, teremos que tomar um dos dois caminhos; ficar em cima do muro, como você mesmo afirma, não é um bom sinal do exercício da democracia. Estarei com o neto do mineiro Tancredo de Almeida Neves e, creio que ele ganhando fará um bom governo.
Abraços,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia.