Rangel Alves da Costa*
Neste segundo turno, nem todos os partidos e
postulantes derrotados na corrida presidencial apoiarão as candidaturas de
Dilma Rousseff ou Aécio Neves. O PSOL de Chico Alencar, por exemplo, vai
simplesmente ignorar qualquer pleiteante ao planalto. Diferentemente do PSOL de
Luciana Genro, que mesmo afirmando haver liberado seus militantes para escolher
entre o voto em branco, nulo ou na candidata petista, certamente apoiará esta
por trás dos panos.
Outros, coerentemente, já declararam
abertamente suas opções na disputa. E coerentemente porque não se tem como
atitude acertada um candidato ou partido deixar de participar de uma eleição
simplesmente porque seu candidato foi derrotado no primeiro turno. Não se
admite que o candidato desrespeite o próprio eleitor ao não abraçar a causa
daquele que mais se aproxima dos seus planos de governo. Imaginar o contrário
seria abertamente incorrer em egoísmo político.
E egoísmo em toda sua dimensão. Ora, o que é
egoísmo senão a atitude tomada pela pessoa para colocar seus interesses acima
de tudo, achando que é o máximo, o plus, o mais importante entre todos? Egoísmo
é pensar somente em si mesmo, em desprezar as opiniões e os valores alheios por
achar que somente os seus devem prevalecer, é o abandono dos ideais
comunitários e sociais porque não correspondem com exatidão ao seu pensamento.
Na política, o egoísmo é visível naquele
político que se endeusa, que se acha o mais capaz e mais importante, e que
somente ele sabe governar. O egoísmo político minimiza a importância de outros
políticos e partidos, procura mostrar que somente seu agrupamento é capacitado
para o exercício do poder governamental. Mas também é egoísta o partido que
estando no poder acolhe somente seus partidários nos diversos cargos sob seu
comando.
Desse modo, diante da disputa de agora, ou o
candidato derrotado tem a sensatez de ao menos expressar sobre o melhor para o
país ou estará negando até mesmo sua valia enquanto ser político, participante,
preocupado com os destinos da nação. Que não suba no palanque, que não grave
depoimentos ou mesmo que não arregimente seus militantes e apoiadores em torno
de um nome, mas tem o dever de dizer quem terá o seu voto. Terá, sim, de
afirmar, e de forma induvidosa, se apoiará a candidata petista ou o
peessedebista.
Ao preferir calar, ficar em cima do muro ou
simplesmente afirmar que nenhum dos candidatos merece o seu voto e de seu
partido, estará dando a máxima demonstração não só de egoísmo, mas também de
despreparo e arrogância. E também visível a afronta ao seu eleitor. Eis que
todo votante, mesmo derrotado no primeiro turno, não espera a hora de dar o
troco, a volta por cima, encontrar a vitória. Ademais, caracteriza-se como
extrema mesquinhez se apegar no que não deu certo consigo mesmo para omitir ou
negar apoio a outro.
Outro dia um comentarista político fez uma
observação pertinente a esse respeito num canal fechado. Afirmou que ou Marina
escolhia apoiar Dilma ou Aécio, e imediatamente, ou estaria dando um péssimo
exemplo de egoísmo político. Quer dizer, ao não acenar para nenhum outro
candidato estará passando a ideia de que ninguém mais merece o seu apoio, que
ela é a melhor e que agora tanto faz. E completou afirmando que agindo assim
não apenas fica enfraquecida politicamente como tenderá a se tornar um vazio
político. E sem qualquer força para novas pretensões.
Tal problema foi sanado por Marina, pois
optou por Aécio Neves, porém fazendo injustas imposições. E assim porque está
querendo impor compromissos de governo de forma egoística, pensando somente
nela, quando deveria apenas lembrar ao peessedebista que alguns de seus planos
poderiam ser acolhidos acaso eleito. Impor, exigir, deixar transparecer que
somente apoia se ele aceitar o que ela quer não é papel que se preste a nenhum
ex-candidato.
De qualquer modo, a verdade é que teria que
deixar claro para os seus milhões de eleitores que o seu partido a sua
coligação têm compromisso com o futuro do país e por isso mesmo Aécio
representa essa grande esperança. Que, aliás, é a de todos nós.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
É verdade Dr.Rangel, teremos que tomar um dos dois caminhos; ficar em cima do muro, como você mesmo afirma, não é um bom sinal do exercício da democracia. Estarei com o neto do mineiro Tancredo de Almeida Neves e, creio que ele ganhando fará um bom governo.
Abraços,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia.
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