*Rangel Alves da
Costa
Aos filhos
que nela nasceram e para todos aqueles que a ela escolheram como lar, minha
sertaneja Poço Redondo e todas as demais cidades são como uma casa que precisa
ser cuidada, amada, adorada.
E quem
gosta de uma casa esquecida, abandonada, suja, feia, relegada ao descaso? Quem
gosta de sentar em tamborete seboso, beber água em caneca suja, ter diante de
si a mais péssima acolhida?
Por
analogia do descalabro, Poço Redondo, infelizmente, é hoje casa que não pode
receber absolutamente ninguém. O tamborete está seboso, a caneca está suja, não
oferece nenhuma acolhida. E desejaria que pudesse ao menos dizer que resta
alguma coisa a oferecer.
Falando
mais de perto da sede municipal, desde a entrada à saída sequer uma placa existe
dizendo que a pessoa chegou ou saiu de Poço Redondo. Uma casa que não dá
boas-vindas a ninguém é casa que não merece nem deseja ser visitada.
Amo Poço
Redondo como amo minha casa. Gosto de Poço Redondo como gosto da sala e da
varanda. Quero o melhor para Poço Redondo como desejo o melhor antes e depois
da porta. E por isso sofro em ter a minha e a casa de todos assim tão
abandonada.
Ante o
nada faz, perante o negligenciamento absoluto, pedir uma praça bonita que
enfeite a casa parece até coisa do outro mundo. E também nem pensar em querer
ou pedir absolutamente nada. Infelizmente, se administra para nada fazer. Ou
fazer o que não deveria.
Creio não
ser tão difícil assim administrar. Não precisa que a casa seja rica para ser
bem cuidada. Casebres existem onde o asseio é tão grande que nada brilha mais
que a panela de estanho ou nada é mais limpo que o piso de chão batido.
Por outro
lado, não há mansão que fique asseada e acolhedora quando o seu dono é
negligente por natureza. Assim também com a casa/cidade. Mas não há mesmo jeito
a dar quando, pelo abandono, a casa inteira vai parecendo uma lixeira desde a
porta de entrada.
E por que
amo minha cidade a ela desejo o melhor. Quem dera eu ter as chaves da porta,
ter uma vassoura à mão, ter um espanador, ter uma bucha de esfregar, ter um
balde, ter muito a fazer. Quem dera depois eu poder abrir a porta e dizer que
pode entrar sem espanto.
Sim, minha
casa é Poço Redondo, e por isso mesmo que a quero assim bela, bonita, atraente,
convidativa e que proporcione autoestima e prazer não só a mim como ao
conterrâneo e a todo aquele que nela morar ou chegar.
Sim, meu
lar é Poço Redondo, e por isso mesmo desejo que todo visitante possa encontrar
aconchego e tenha vontade de retornar. Quero que fale coisas boas sobre o meu
jardim, quero que aprecie a minha roseira, quero que diga que há um bom
jardineiro.
Então,
senhor prefeito eleito, faça de Poço Redondo uma casa. Não uma casa sua, mas um
lar de todos. Não uma casa sua de brilhos e riquezas, mas um lar cuja beleza
maior deverá ser a satisfação em todos ao dizer: Veja como é bela minha casa!
Então,
senhor prefeito eleito, chame para si o desejo de realmente trabalhar, de ter à
mão a vassoura e tudo o mais que necessite para uma verdadeira transformação.
Se a maioria confiou-lhe as chaves da porta, então corresponda transformando a
imundície num lar prazeroso a todos.
Senhor
prefeito, fui seu adversário político. E novamente serei em nome de um melhor
candidato, que seja parente ou não. Mas não sou cego, senhor prefeito. Não sou
mesquinho, senhor prefeito. Não sou egoísta, senhor prefeito. Sou filho de Poço
Redondo!
Nada,
absolutamente nada, quero além que não seja o melhor para Poço Redondo. Fui seu
adversário mas serei o primeiro a agradecer toda vez que eu olhar no olhar de
minha cidade e senti-la feliz, toda vez que eu caminhar pelo meu município e
senti-lo contente.
Então,
cuide bem dessa casa, senhor prefeito eleito. Dentro dela há um povo que merece
respeito e felicidade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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