*Rangel Alves da
Costa
Os
resultados eleitorais em Poço Redondo, no sertão sergipano, ao contrário do que
muitos imaginam, não podem ser vistos como surpresas, principalmente com
relação à derrota do melhor candidato, que era inegavelmente Alex.
Quem
derrotou Alex não foi sua história, sua postura de candidato ou suas propostas,
e sim a administração municipal que dizia apoiá-lo. Ao invés de ajudar, a
ausência de prefeito e prefeitura no município acabou afastando o eleitor.
Ora, o
eleitor não suportava mais uma prefeitura que durante quatro anos - e mais -
ignorou totalmente a população, não atendeu às mínimas necessidades, se
comportou como alheia aos problemas mais visíveis e imediatos.
O eleitor
não suportava mais esperar e esperar e nada, absolutamente nada, acontecer.
Esperou uma praça da matriz durante quatro anos, esperou o funcionamento das
quadras esportivas, esperou a reforma dos bens públicos. E o que a
administração fez? Deixou o povo esperando.
Não
somente na sede municipal como em todos locais e povoações. Antes mesmo das
eleições se dizia que o prefeito sequer podia se apresentar em determinadas
localidades, eis que o povo estava revoltoso com o seu “nada faz”. E um aliado
desses prejudica muito mais do que ajuda.
Igualmente,
quem derrotou Alex foi a falsa crença da divindade enoquiana, da imbatividade
enoquiana, do poder ainda absoluto de Frei Enoque sobre o eleitorado
poço-redondense. Ora, os tempos são outros, a realidade é outra, e a história
foi produzindo suas próprias lições.
Como disse
o outro, se Frei Enoque tivesse certeza de poder continuar mandando e
desmandando na política local não tinha apoiado ninguém senão seu irmão. E não
lançou um nome contra tudo e todos porque já se reconhecia fragilizado depois de
vinte anos levando Poço Redondo buraco abaixo.
Alguns
apaixonados por Frei Enoque não atentaram para o fato de que o nome e a fama
não bastam numa política. Com sua liderança fragilizada, restava somente vender
os frutos de sua liderança. Mas o seu último fruto está aí administrando
lastimosamente o município. O povo parece não ter esquecido que sua caminhada
redundou num indescritível fracasso administrativo.
E,
infelizmente, Alex pagou o preço dos descalabros dos outros. E também pelo fato
de que grande parte da população de Poço Redondo - ainda que apenas murmurasse
com medo de represálias - já não suportava mais as mesmas pessoas brincando de
poder durante vinte anos. Não só brincando como se lambuzando.
Ademais,
os responsáveis pela campanha de Alex parecem não ter considerado a nova
configuração do eleitorado poço-redondense. A cidade cresceu muito e não se
pode visualizar a maioria apenas pelo que o centro deixa transparecer. Nesta
eleição, por exemplo, o Lídia e o São José mostraram onde deve ser o verdadeiro
foco de campanha.
Além
disso, um fator que vem se repetindo desde muitos anos e que pouco é
considerado: o eleitorado natural de Poço Redondo é muito menor do que os
votantes que chegaram para fixar moradia. Tais pessoas, se sentindo negadas pela
administração, sempre tendem a apoiar aquele que mais se aproxima de sua
realidade: o de fora, o forasteiro.
O que vem
acontecendo, infelizmente - e fato que tende a aumentar - é a rejeição dos
novos habitantes de Poço Redondo por todo aquele candidato que seja autêntico
filho da terra. Tal fato sempre aconteceu com Santa Rosa do Ermírio e tende a
se alastrar. E quanto mais as administrações relegam suas existências, mas o
fosso separatista se expande. E a atual administração municipal prestou-se ao
desfavor de ser odiada tanto nos povoados e povoações, e até mesmo nos
assentamentos.
Portanto,
o bom nome de Alex foi rejeitado por fatores assim. Mas Alex não perdeu nada. A
verdadeira derrota foi a do mandonismo, da arrogância do poder, de grupos que
subtraíam para si as esperanças do povo e do município. Mas, faz-se, na dor, um
tempo novo.
Parabéns
aos eleitos. E que Deus ilumine os caminhos de Poço Redondo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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