*Rangel Alves da Costa
Mesmo que o mundo moderno a todo custo tente
desqualificar ou desvirtuar a verdade, ainda assim os pais continuam sendo pais
e os filhos continuam sendo filhos. Haja o que houver, ocorram os fatos ou as
negações mais absurdas, mas os pais continuam sendo pais e os filhos continuam
sendo filhos.
Há de se reconhecer que tais aspectos estão
muito modificados pelas nefastas imposições da modernidade, seus modismos e
suas avessas culturas comportamentais. Pais que tanto faz para a paternidade ou
a maternidade, e filhos que tanto faz que tenham pais ou não. Pais que apenas
geram e filhos que apenas nascem.
Será que o pai deixa de ser pai quando o filho
alcança a maioridade? Será que a mãe deixa de ser mãe por que a filha
conquistou um namorado? Será que o pai deve abdicar de sua paternidade pelo
fato de que o filho não lhe dá mais benção? Será que a mãe deixa de ser mãe por
que a filha diz que não necessita mais de seus cuidados?
Na mesma linha de raciocínio, será que o
filho deixa de ser filho por que acha que já está em idade suficiente para
cuidar do próprio destino? Será que a filha deixa de ser filha por que já se
imagina suficientemente capaz de escolher o que seja melhor ou pior na sua
vida? Infelizmente, as respostas do mundo de hoje são no sentido tanto da
negação da paternidade como da filiação.
São pais que entregam filhos ao mundo. São
pais que abrem as portas de casa para qualquer destino que os filhos desejem
tomar. São pais que já não falam mais com os filhos, que já não mais querem
saber os que os filhos fizeram, com quem andam, quais seus caminhos na vida.
São pais que sentam à mesa e não sentem a falta dos filhos, que chegam em casa
e sequer procuram saber se os filhos já chegaram, se estão nos quartos, o que
estão fazendo, como foi o seu dia.
São filhos que agem da mesma forma. E por que
agem da mesma forma? Ora, simplesmente por que vivem como se fossem os próprios
donos de seus destinos, sem pais, sem pessoas que se mostrem amigas ou que se preocupem
com seus atos e atitudes. Simplesmente por que não se sentem obrigados a dizer
qualquer coisa de suas vidas, a prestar contas de nada. Ademais, se não há pai
nem mãe e podem fazer tudo, então tudo fazem mesmo.
Um pai deixa de ser pai quando ao filho
entrega apenas um sobrenome e não uma raiz familiar. Um pai deixa de ser pai
quando se desfaz da obrigação de ser pai. Um pai deixa de ser pai quando não
reconhece nem cuida da filiação que tem. Um pai deixa de ser pai quando se
preocupa muito mais com o resultado de um jogo do que da vida escolar de seu
filho. Um pai deixa de ser pai quando tanto faz que o filho esteja bem ou não.
Quem já viu dizer que um pai permita que sua
filha leve namorado desconhecido ou qualquer um para dormir no seu quarto? Quem
já viu dizer que um pai perceba as transformações negativas no filho e sequer
procure saber o que está ocorrendo? Quem já viu dizer que o filho simplesmente
saia de casa, sem hora pra voltar, e o pai tranquilamente durma como se o mundo
estivesse tratando maravilhosamente bem sua cria?
A verdade é que há um descontrole familiar
que provoca profundas mazelas. O senso familiar cedeu lugar ao distanciamento e
à solidão entre as pessoas que vivem entre quatro paredes. Pai nega filho,
filho nega pai. Mas não poderia ser diferente. Quem gesta, quem gera a cria,
são os pais e não o mundo. Quem cuida, quem trata, quem protege os seus são os
pais, não é a realidade lá fora. Pais precisam educar e formar os seus para
enfrentar o mundo e a realidade lá fora, e não para jogá-los às garras insanas.
Simplesmente por que pais devem ser pais e
filhos devem ser filhos. E quando os filhos tiverem outros filhos, apenas
seguirem as lições aprendidas no seio familiar. Diante do mal, sempre dizer que
se meu pai não me ensinou assim, então não vou permitir ao meu filho.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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