*Rangel Alves da Costa
Logo ao alvorecer desta segunda 11 de
setembro, eis que recebo a notícia de uma tragédia ocorrida na cidade onde
nasci, em Poço Redondo, no Sertão Sergipano do São Francisco.
A notícia repassada dava conta de que um
jovem de cerca de 19 anos havia matado sua namorada de 18 anos e depois
cometido suicídio. O fato acontecera numa chácara da família do jovem, que para
lá havia levado sua namorada na noite anterior.
Não se conhece - e jamais se conhecerá as
reais motivações para o assassinato seguido de suicídio -, comentando-se apenas
que os dois jovens ora se afastavam ora reatavam o namoro. Comentam que ela
procurava se afastar dele, mas que naquela noite aceitou acompanhá-lo.
Não obstante tamanha tragédia, não demorou
muito e chega outra informação igualmente estarrecedora. Desta feita, o gerente
de um posto de combustíveis da cidade havia sido assassinado numa das
principais avenidas, enquanto se dirigia a uma agência bancária para realizar
depósito.
Desta feita, uma nítida situação de
latrocínio, vez que os marginais ceifaram a vida do senhor objetivando roubar o
dinheiro que o mesmo levava para depositar na agência bancária. Certamente já
conhecendo seu percurso e o seu costume de seguir caminhando até o banco,
esperaram somente o momento mais apropriado.
Quer dizer, numa mesma manhã e uma cidade
pequena como Poço Redondo já tem seu segundo dia na semana iniciado com o
sangue escorrendo por todo lugar. A população ainda estupefata, sem querer
acreditar na tragédia envolvendo os jovens, e de repente se espalha a notícia
de outra tragédia.
A pequena Poço Redondo ainda não está refeita
- e certamente jamais se esquecerá do sangue derramado - do espanto e dar dor. A
população ainda chora, ainda sofre, ainda procura entender o porquê de tanta e
tamanha violência. Hoje foram os últimos adeuses, as despedidas. E só mesmo
Deus para saber confortar as famílias e os amigos.
Ainda na manhã de ontem postei numa rede
social um pequeno texto intitulado “Amor tragédia”. Mais de 600 curtidas,
comentários sem fim, e estes ora apenas ainda espantados com o acontecido e
outros dizendo a sobre a minha neutralidade na abordagem do problema. Não
procurei a neutralidade, apenas achei inconveniente abrir mais as feridas já dilacerantemente
abertas. Eis o que escrevi:
“Shakespeare talvez dissesse que o drama é
próprio do amor, jamais a tragédia a sujar do sangue o bem tão amado. Contudo,
infelizmente foi isso com aconteceu com os dois jovens de Poço Redondo, com
Arina e Pedro. Mas o que poderia fazer com que o jovem desfolhasse a flor da
vida de sua amada e em seguida dizimasse a própria vida? Ciúmes, paixão
doentia, cegueira amorosa, apenas insanidade? Nada do que se diga se levará à
verdade. Suponha-se o que quiser, mas somente os labirintos íntimos da alma
daquele jovem poderiam dar as respostas, mas já impossível de acontecer. Mas
mesmo no sangue derramado os indícios de um amor que não soube superar as
desavenças próprias do coração. Amor demais, amor doentio, paixão desmedida?
Apenas o silêncio como resposta. Quem ama não mata, já muito foi dito e
repetido. Sim, não mata a pessoa amada, mas o amor tido por aquela pessoa e que
parece lhe ter saído das mãos. Pena que o amor sentido está na pessoa e com ela
também se vai toda a vida. Agora todas as respostas com Deus. E com Deus também
a clemência e a acolhida às duas vidas que tão cedo disseram adeus. Que o
Senhor os acolha no reino da eternidade!”.
E ainda o espanto, ainda a dor. Vidas que se
foram pelas insanidades desse mundo demasiadamente desumano.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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