SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 10 de setembro de 2017

Palavra Solta – madrugada


*Rangel Alves da Costa


Poço Redondo, sertão sergipano, 3:30 da madrugada deste domingo 10 de setembro. Acordar nesta hora e levantar para abrir a janela, para avistar o mundo lá fora, fazer surgir interessantes compreensões. Tempo ainda friorento, ainda pedindo agasalhos e cafés quentinhos, mas um tempo bom de despertar. Há um silêncio profundo, uma paz e uma calma por todo lugar. Ainda não há passos pelas ruas, ainda não se ouve portas se abrindo ou os rangidos tão costumeiros no dia a dia. Os cães adormecidos, os gatos já sonolentos pelos telhados, os seres da noite sumindo perante a aurora que se aproxima. A cidade ainda dorme do cansaço de ontem, os noctívagos já se recolheram. Os veículos e motocicletas ainda não fazem seus barulhos insuportáveis. Somente os grilos cricrilam suas eternas canções pelos escondidos da casa e mais adiante. Instantes dos sonos mais pesados para uns, dos últimos sonos para outros. Logo as portas estarão abertas, as pessoas despertadas para o amanhecer e a rotina se perfazendo em toda sua luta. Logo mais o cheiro de pão quentinho do forno da padaria, o perfume do café borbulhando na chaleira, o aroma do cuscuz já pronto para ser servido. Mas por enquanto apenas o silêncio e a paz. E como e bom madrugar assim, acordar assim, sentindo a alma desnuda desse instante de vida. E dizer bom dia ao dia que assim amanhece.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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