*Rangel Alves da Costa
Houve um tempo de meninos nus. Um tempo de
meninos pelados, contentes, felizes, correndo pelas ruas sem vergonha de sua
nudez. E nudez completa, dos pés à cabeça, e sem ninguém para olhar com olhos
safados ou para querer tirar proveito daquelas inocências. Meninos nus,
felizes, contentes, irradiando a idade, espelhando a vida. Assim que chovia, de
repente um batalhão de meninos era avistado embaixo das biqueiras, das goteiras
ou simplesmente pulando debaixo dos pingos d’água, e todos nus. Meninos que ainda
molhados, encharcados de lama, corriam atrás de bolas pelos arredores
interioranos. Eu mesmo já fui um menino nu, de nudez total. E jamais me
esquecerei daqueles tempos onde a meninice era sinônimo de inocência e a
inocência era vista sem maldade e apenas pelos olhos da compreensão. Hoje não
há mais meninos nus, e pelas óbvias e degradantes razões. Os olhos adultos de
hoje já não avistam crianças nuas em sua inocência, mas tão somente pelas
doentias depravações. Lamentável que assim aconteça. A evolução humana foi tal
que fez prosperar no ser humano o seu senso maior de decrescimento moral.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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