*Rangel Alves da Costa
Menina, cadê você? Mocinha, cadê você? Bela
mocidade, cadê você? Sei que jamais voltarei a avistar aquela menina bela na
sua janela de entardecer, toda perfumada e sonhadora, de fita no cabelo e
brinco bonito na orelha. Sei que nunca mais avistarei aquela mocinha bonita com
seu vestido de chita, de chinelos de dedo, toda faceira e cheirosa a lavanda de
feira. Sei que nunca mais vou avistar a menina, quase moça feita, brincando com
sua casa de boneca, penteando a boneca de pano, fazendo cozido de folha de mato.
Sei que nunca mais vou avistar a mocinha lendo um bilhete de amor jogado
escondido pela janela nem recebendo uma flor roubada em jardim. Sei que nunca
mais irei avistar poesia em cada olhar, em cada rosto, em cada sorriso. E
triste, muito triste, eu tenho que perguntar: Menina, cadê você? Mocinha, cadê
você? Bela mocidade, cadê você? Meninas parecendo bonecas de tão belas e tão
formosas. Mocinhas parecendo princesas floridas pelo jardim da idade. Mocidades
doces, sonhadoras, tão puras quanto o prazer pela vida. Hoje não sei, juro que
não sei, o que fizeram com vocês, o que provocou tantas transformações. Hoje as
meninas e as mocinhas já não têm mais a idade do sonho, da inocência, daquela
doce pureza à janela nem do vestido de chita florido. Ainda são crianças e já
são adultas. E a velhice chega depois de cada baile, depois de cada farra,
depois da curtição. E quando se dão conta o tempo já passou. E quando pensam
que são flores o vento já levou!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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