*Rangel Alves da Costa
CASAS, MEMÓRIAS, HISTÓRIAS - As estradas
nuas, em leitos de terra e espinhos miúdos, vão levando os passos para além da
cidade, pois há um mundo além dos centros urbanos. Um mundo de silêncio, de
brandura de vento, de canções sem voz perante as paisagens desoladas e tristes.
Tristes, mas não infelizes, mas não aflitivas e nem padecentes. Paisagens onde
a flor do mandacaru se alegra com o piado do tem-tem, horizontes onde os
calangos sobem nas pedras para avistar o bicho berrando adiante. Não há mais
preá nem seriema, não há mais nambu ou codorna, não há mais tanto ninho
passarinheiro como antigamente. Restam as casas tristes na desolação dos dias.
A cidade chamou seus habitantes, os túmulos chamaram seus habitantes, o
progresso foi deixando para trás as portas e a janelas fechadas. Então o barro
vai caindo, a cumeeira vai despencando, tudo parece querer desabar. E se desaba
a vida morre, a história diminui, a memória vai aos poucos se esvaindo. Resta
somente não olhar para trás e dizer adeus. Resta retornar para abraçar o que
ainda nos resta. E viver ainda. E viver sempre. E neste viver jamais deixar
nossa história morrer!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário