*Rangel Alves da Costa
Os anos 90
foram marcados por imensa efervescência cultural na capital sergipana. Mesmo
com diversos espaços voltados para atrair a juventude, a classe estudantil e
acadêmica, bem como a intelectualidade, boa parcela das “cabeças pensantes” procuravam
se reunir em espaços que se identificassem com o seu espírito ora de rebeldia
ora do simples prazer da boa acolhida, do bom diálogo, dos atrativos e da boa
música.
Um destes
“pubs” efervescentes chamava-se Mahalo. Mas o Mahalo não era um simples
ambiente com cadeiras e mesas para a bebida e o petisco, e aonde a pessoa
chegava e saía depois de alguns instantes. Sua concepção inovadora permitiu que
ainda hoje estivesse vivo na memória de profissionais e da intelectualidade
aracajuana.
Sim, pois
jornalistas e outros profissionais da comunicação social, escritores,
professores e advogados, dentre outros, um dia adentraram as portas do Mahalo e
lá se encantaram com a ambientação diferente, as exposições de poesia, a música
ao vivo, etc. E tudo nascido da inventividade futurista de um moço batizado
como Jailton Freire, mas por todos conhecido apenas como Jajá.
Ao lado de
Cristina, sua esposa à época, passou a oferecer aos noctívagos aracajuanos,
principalmente àqueles que saíam das salas de aula na Unit da Rua Lagarto e
desejavam dialogar em torno de uma mesa e uma boa música, a oportunidade de uma
noite muito mais convidativa e prazerosa.
Foi no
Mahalo que fiz minha primeira exposição de poemas. Logo em seguida Jozailto
Lima - hoje famoso jornalista e escritor - igualmente expôs seus poemas. E uma
infinidade de outras atrações. Foi desde esse bom quadrante da vida que passei
a conhecer Jailton, o nosso Jajá.
De rara
inteligência, sempre inovador, sempre calmo e aberto ao diálogo, extremamente
zeloso com aquilo que chama a si ou que põe as mãos, assemelha-se mais a um
cordame humano que vai se alongando em novas amizades aonde chega ou passa.
Chega para a pessoa e logo diz: “E aí cara, tudo bem?”.
Eis o mote
para o diálogo profundo, inteligente, generoso e franco. Sempre defensor das
liberdades, das opiniões e expressões pessoais, Jajá se constitui na quele que prega o livre arbítrio com
responsabilidade. Ainda hoje, mesmo depois de tanto tempo daquele primeiro
Mahalo, ele continua como um menino sonhador.
Mas os
voos são outros. Depois que o Mahalo mudou de endereço e por fim fechou suas
portas, então Jajá começou a colocar em prática um voo maior de liberdade. Saiu
da terra e foi para as águas, abdicou dos horizontes cinzentos e feios e foi
viver os azuis das gaivotas dos altos mares e oceanos. Tornou-se marinheiro
(Primeiro Oficial de Maquinas/Oficial Superior de Máquinas na Transpetro) e a
cada dia ele faz postagens de fotografias de seus destinos azuis, belíssimos,
apaixonantes.
Ora está
nas costas chilenas, ora está nos confins do mundo singrando o seu navegar
liberto, bem ao seu estilo e ao que clama sua vida e seu jeito de ser. Pai de
rapazes que um dia eu conheci meninos, atualmente é casado com uma mulher
maravilhosa e que é a espiritualidade mística em pessoa: Gwendolyn Thompson.
Nunca vi um casal tão nascido um para o outro.
Ele, Jajá,
pássaro em voo, e ela, Gwendolyn, o céu de nuvens perfeitas ao voo. Abraço-te,
pois, amigo Jajá. Como diz Gwendolyn: Namastê! Curvo-me diante de ti, perante o
teu sagrado brilho!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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