*Rangel Alves da
Costa
Agora em
junho Poço Redondo e os sertões sergipanos e baianos tiveram o imenso prazer de
conhecer Padre Agostinho. Mas quem é este homem calmo, pacífico, de voz mansa,
que anda sempre carregando lembrancinhas religiosas para distribuir onde passa,
que lentamente caminha para suportar uma pequena deficiência numa das pernas,
que celebra missa aonde chega e anda de chapéu cangaceiro de canto a outro?
Saibam,
pois, que o Padre Agostinho Justino dos Santos é gigante, é grandioso, é
imenso. Entronizado Capelão do Cariri Cangaço, Capelão aposentado da Marinha do
Brasil, é Padre Católico e do mundo. Apaixonado pelo Nordeste, principalmente
pela região do Cariri, abdica de estar no seu Rio de Janeira para cruzar caminhos
nordestinos e sertanejos.
Desde
muito que atua fortemente no contexto histórico nordestino. Apaixonado pela
história do Padre Cícero e pelas dioceses do Crato e de Juazeiro, transita
entre as duas - e por toda a região - como um sacerdote respeitado e venerado.
É, pois, a partir da Diocese de Juazeiro que o Padre Agostinho sai pelos
carrascais nordestinos acompanhando o Cariri Cangaço. Não perde um evento
sequer. A cada nova edição, mesmo na distância que for lá estará o Padre
Agostinho acompanhado de um ajudante, também da diocese.
A presença
deste servo de Deus também a serviço da história, da cultura e das tradições,
tornou-se fator marcante a cada evento do Cariri Cangaço. Alguns conselheiros
deixam de comparecer, mas Padre Agostinho não. Uns e outros apaixonados pelas
andanças do Cariri Cangaço até deixam de estar presente, mas Padre Agostinho
não. Chega sem alarde, instala-se quase ocultamente, mas depois vai surgindo
para o encantamento de todos.
Em meios
aos abraços pelos reencontros, em meio aos preparativos e correrias, de repente
ele vai surgindo lentamente, calmo, paciente demais. “Oh Padre Agostinho, por
aqui? Que bom revê-lo!”. E ele, sempre de sorriso leve, vai logo repassando um
terço de boa sorte, uma fitinha do Padre Cícero, um calendário religioso, algo
sempre valioso como dádiva sagrada de reencontro e recordação.
Na manhã
do último dia do Cariri Cangaço Poço Redondo 2018, quando todos os
participantes ou já tinham seguido ou estavam se preparando para seguir viagem,
eis que o Capelão celebrava - ao lado do Padre Mário - a missa pelo aniversário
de 78 anos de Alcino Alves Costa. Segundo ele, depois seguiria para Paulo
Afonso, daí cortando outros caminhos até Juazeiro. Confessou-me que pagaria do
próprio bolso o fretamento de um veículo até Paulo Afonso.
Todas as
igrejas abrem suas portas perante sua chegada. Todos os túmulos e cruzes da
história se reconfortam perante sua presença. Ao ser perguntado sobre os
motivos de usar chapéu cangaceiro e de abençoar os retalhos do passado, bem
como celebrar a memória daqueles que a muitos causa ojeriza (como acontece com
túmulos de cangaceiros), ele simplesmente afirma que todos foram seres humanos
e, como tal, merecem a compaixão divina. Assim suas palavras, conforme citadas
pelo conselheiro Raul Meneleu no artigo “O Padre e o Cangaço”: “Também os
cangaceiros são filhos de Deus e merecem preces por suas aflitas almas, mesmo
sendo injustos." (http://meneleu.blogspot.com/2015/08/o-padre-e-o-cangaco.html).
Foi neste
sentido que abençoou as Cruzes dos Nazarenos na Maranduba e proferiu palavras
acerca daquelas almas aflitas, comandando depois uma oração conjunta. No dia
anterior, na baiana Serra Negra, após o almoço coletivo ele foi avistado
recompensando com algum dinheiro as mulheres a serviço na cozinha. Apenas um
reconhecimento pelo maravilhoso almoço, dizia ele.
Pois bem.
É assim o Padre Agostinho aonde chega e por onde passa. Convidado pelo Padre
Mário para celebrar missa em Poço Redondo durante a próxima Festa de Agosto, do
altar improvisado defronte ao Memorial Alcino Alves Costa, sorridente disse:
“Estarei entre vocês, com fé em Deus!”. Seja bem-vindo, Padre Agostinho.
Sempre. Em Poço Redondo e por todo o Nordeste, como assim será no Cariri
Cangaço de São José de Belmonte.
E, desde
já, rogo ao curador Manoel Severo e a todos os conselheiros Cariri Cangaço que
além de Capelão o Padre Agostinho seja oficialmente reconhecido como Sacro
Conselheiro do Cariri Cangaço.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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