*Rangel Alves da Costa
De vez em quando me dá uma vontade danada de
retornar ao pé do balcão. Sim, eu já bebi muito, já entornei todos os tragos,
já experimentei de todas as doses, já bebi do quente e do gelado e até do desconhecido.
Retornar não apenas para beber pelo prazer da bebida, mas pelo prazer do
proseado ao pé do balcão. Nada melhor que chegar a um pé de balcão sertanejo,
daqueles botequins ou barzinhos de fim de mundo, e na paz do mundo momento
pedir uma casca de pau. Sim, uma aguardente com mistura da terra, com angico,
quixabeira, boldo, ameixa, cidreira, capim santo, e por aí vai. Pedi também um
umbu, caju ou outra fruta da terra, e ali se deliciar sem pressa. Melhor ainda
quando de repente chega um velho amigo e este resolve dividir uma dose. Então
começam as conversas antigas, os causos, as histórias passadas, os tempos idos
em verso e prosa. De vez em quando um aboio, uma toada, uma cantoria matuta. E
vai chegando mais um, depois mais outro, e assim a garrafa vai secando e as
alegrias se renovando. E depois o até mais, até logo. Para o dia, já de bom
tamanho. Beber apenas assim, para o proseado, no comedimento da preservação das
grandes e verdadeiras amizades.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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