*Rangel Alves da Costa
De repente me deu uma saudade danada de um
bom cabaré. Não de um cabarezinho desses que tem aí, desses chinfrins molambentos
que dizem ser casa de tolerância. Ora, cabaré é coisa séria. Ao menos era.
Noutros idos, cabaré era algo tão importante e salutar que os noturnos passados
em seu antro tornaram-se verdadeiramente memoráveis. Lugar de encontro de
amigos, ambiente de bebida e dança, as grandes orquestras, as grandes vozes, as
francesinhas chegadas do litoral. Que coisas mais lindas e cheias de graça.
Ali, tilintando riquezas, os bigodudos senhores vendendo e comprando safras
inteiras. Os coronéis cacaueiros fazendo dali uma verdadeira varanda de seus
casarões. O bom uísque escorrendo pelos copos limpos, brilhosos, importados. As
raparigas parecendo em desfile de moda. Não se cheirava apenas a sexo sujo e
suarento, a quarto imundo e lençóis maltrapilhos e nojentos, a bebida barata e
a furdunço a todo instante. Lugar de prazeres sim, mas de nobres e apetitosos
prazeres. Lulu de Boyon, a cafetina, ou a mais bela das carnes novas: Cecily D’Lamour.
Um viver em festa. Que saudade, pois, destes honrosos e gloriosos cabarés. Mas
depois deste áureo período, nenhum cabaré se prestou sequer a dignificar o nome
de puteiro social. Hoje é a rampa das vagabundagens, algo assim como Brasília,
Câmara, Senado Federal e muito mais, inclusive aquela togada corte. Mas deixe
pra lá.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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