Outro jeito de amar
Amor culto no sentir e nos gestos
expressado somente e sempre
no romantismo dos clássicos poéticos
e nos sonhos de noites de verão
nos vitrais iluminados do pensamento
por toda uma vida amei somente amar
nunca me declarei aos prantos
embaixo da lua e da janela
amei somente com o amor regrado
comedido e respeitoso demais
sem jamais pegar qualquer flor
e declarar num grito o amor
amei somente com a regra e a etiqueta
das coisas finas demais do coração
sem jamais fazer necessárias besteiras
tão comuns no amor e tão verdadeiras
Hoje não quero mais isso
e não me permito fraque nem cerimônias
quero a poesia em qualquer papel
sair de mãos dadas e comer pastel
pular pela vida e pular o muro
caminhar pela noite e namorar no escuro
deitar na relva desnudo ao seu lado
beber água da fonte e ficar embriagado
porque o amor não quer mais o medo
porque o amor não guarda mais segredo
porque amor é grito
porque amor é paixão
porque amor é vulgar
porque amor é o que a gente quiser
nos grandes salões ou no cabaré.
Rangel Alves da Costa
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