*Rangel Alves da Costa
Depois da lua cheia, do vaga-lume e do olho
atento, o candeeiro foi a luz que mais iluminou os sertões de antigamente. Não
havia vela, lampião a gás, lamparina de camisa, nada que facilitasse a vida do
sertanejo e o tirasse do breu noturno. Ao surgir o candeeiro, que nada mais é
que um vasilhame que vai afunilando para cima até forma um bico, e neste
desponta o pavio de algodão, então a vida ficou muito mais segura e animada.
Ora, os casebres se animavam com a chama acesa, a mulher costurava e remendava
seus panos, a mocinha debulhava o feijão de corda, o menino reinava de canto a
outro. Tudo nascido de uma coisa tão simples. Bastava colocar querosene dentro
do vasilhame e logo o pavio se emudecia pronto pra chamejar. Mesmo o vento
açoitando, a luz balançava e não apagava. Nem todo sopro de gente conseguia
apagar a vibrante chama. Por isso que quando já tarde da noite e todos tinham
de se recolher, o dono ou a dona da casa se dirigia até o candeeiro, geralmente
atrepado na parede de barro, e com dois dedos apertava o pavio. Tudo escurecia
novamente. Somente a lua lá fora, somente o vaga-lume lá por todo lugar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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