Rangel Alves da Costa*
Quem ama ou amou de presença, e de repente se
vê na distância desse tão grande amor, verdadeiramente sabe o que é uma
saudade. Quem sente verdadeira saudade conhece bem o quanto a lágrima escorre
sem ser chamada, o quanto o soluço se torna incontido, e o quanto dói sentir a
alma afligir e nada poder fazer. Tudo dói, tudo faz sofrer, tudo causa infinito
padecimento. A lembrança, a recordação, o retrato, a cartinha, o bilhete, um
pedaço de pano, um retalho de qualquer coisa, tudo numa junção de angústia. Também
a memória trazendo as histórias, os convívios, os diálogos, as palavras, os
carinhos, os afetos. Amor filial, familiar, de raiz, mas também o amor
corporal, de querer, de gostar, de ainda se enlaçar no beijo e no abraço. E
chega o entardecer com o seu perfume de brisa, e chega a noite com o seu
semblante enluarado, e chega o luzir da chama da vela, mas nada que traga
prazer, contentamento, felicidade. Apenas o sofrer e o mais sofrer pela
saudade, a terrível saudade. E vai a lágrima caindo, e vai o coração apertando,
e vai a dor se espalhando, devorando, dilacerando. A dor da saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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